As transformações obtidas pelo movimento feminista desde 1970 também aconteceram na prática esportiva, com altos níveis de crescimento de participação de mulheres. Essa abertura produziu novos ideais do corpo feminino –forte, atlético, independente e, ao mesmo tempo, atrativo–, construídos pela sociedade ocidental e fomentados pela lógica mercantil por meio da publicidade, das redes sociais e de certos referentes escolhidos pelas marcas que fortalecem esses discursos, instruindo sobre o cuidado corporal e o “estilo de vida saudável”. Nosso desafio é analisar as representações das atletas que são construídas em três práticas esportivas que chegaram a níveis sem precedentes de participação e visibilidade na Argentina: o hóquei, o futebol feminino e o running, sabendo que o corpo é um elemento central dessas práticas. Para isso, refletimos sobre nossos registros de campo, analisamos uma série de publicidades, vídeos e imagens nas redes sociais em que essas práticas são representadas, ou se autorrepresentam, como modelos/exemplos do novo ideal de corpo feminino. Assim, pretendemos questionar quais ideais estão vinculados nesses esportes que as mulheres escolhem fazer, perguntando-nos se, nessas atividades, ainda existem liberdade e agência delas como indivíduos, se por trás disso continuam operando os ideais hegemônicos da feminilidade ou se são apresentadas ambas as alternativas. Palavras-chave: Thesaurus: corpo; esportistas; gênero; práticas esportivas.