Objetivo/Contexto: este artigo analisa o processo de profissionalização do futebol no Peru durante o Governo Revolucionário das Forças Armadas, primeira fase (1968-1975). Originalidade: esta pesquisa contribui para a história do esporte na América Latina e permite demonstrar que o campo esportivo foi um espaço de disputa política entre os militares reformistas e os dirigentes desportivos que se caracterizavam por seguir lógicas patrimonialistas na administração de seus clubes, perspectiva que possibilita questionar aproximações que encontram relações de mera manipulação nas intervenções militares sobre o esporte. Metodologia: a análise está focada nas práticas de administração patrimonialista por parte de diretores de clubes de futebol no Peru e na resposta desafiadora do Governo Revolucionário das Forças Armadas. As fontes utilizadas provêm de arquivos jornalísticos, entrevistas a ex-diretores de clubes de futebol profissional durante o período 1968-1975, de conjunto de decretos emitidos naquela época para regulamentar o esporte e de literatura secundária. Conclusões: o processo de profissionalização do futebol constituiu a estratégia principal que o Governo utilizou para quebrar as práticas de controle patrimonial dos clubes de futebol no Peru. Esse processo fez parte de um projeto político militar reformista de maior magnitude, o qual pretendeu transformar as estruturas tradicionais da sociedade peruana. A intervenção foi realizada a partir de três mecanismos: promoção do esporte amador, reformulação de bases dos campeonatos de futebol profissional e concessão de direitos trabalhistas e de funções gerenciais aos jogadores de futebol. Palavras-chave: ditadura, esporte amador, futebol profissional, nacionalismo, patrimonialismo