O estudo tem como ponto de partida pesquisas em gênero que apontam mudanças na identidade masculina em função das transformações no tradicional papel feminino. Fundamentada nos referenciais teórico-metodológicos de J. L. Moreno (1972), cujos conceitos de Espontaneidade, Matriz de Identidade e Papéis articulou com a teoria de gênero de J. Scott (1990), somando às discussões sobre masculinidade de Connell (1987) e outros, a autora construiu a pesquisa. Por meio de jogos dramáticos e entrevistas individuais colheu dados e os organizou para análise. A pesquisa foi realizada com adolescentes em treinamento em times de futebol amador de um clube da cidade de Campinas e mostra que, no mundo masculino do futebol, a possibilidade de ser um jogador de sucesso, com vantagens financeiras e de status social, motiva o adolescente a se disciplinar e o “amadurece precocemente”, levando-o a priorizar a responsabilidade na definição de masculinidade e condicionando-o a uma repressão maior no comportamento sexual, sendo muito consciente das conseqüências negativas de uma gravidez ou da contaminação por DST/Aids nesse período de sua vida. Constatando a permanência da visão cristalizada de masculinidade como hegemônica nessa cultura juvenil, a autora questiona sobre possíveis mudanças que a inclusão de conceitos psicodramáticos como espontaneidade, papéis e identidade, poderiam operar nos treinamentos esportivos.