Este trabalho estuda o impacto de choques emocionais induzidos por resultados de jogos de futebol entre 2006 e 2016 no Brasil no comportamento violento dos indivíduos. Assume-se que o risco de violência pode ser modelado como função dos resultados das partidas. A hipótese chave é de que condicionando pelas probabilidades de vitória atribuídas aos times antes dos jogos, dadas pelos mercados de apostas, os resultados das partidas podem ser interpretados como aleatórios. Utiliza-se o fato de que torcidas de times de futebol do Brasil estão bem espalhadas o longo dos municípios do país (e não apenas restritas ao estado de origem do time) para captar a proporção de pessoas atingidas por choques emocionais causados por partidas de futebol em determinado dia. O choque emocional é construído pela diferença entre a proporção de pessoas no município atingidas por choques positivos e a proporção atingida por choques negativos. Considera-se um choque o resultado da partida que foi muito diferente do previsto pelo mercado de apostas. O resultado encontrado indica que cada ponto percentual a mais no número de pessoas recebendo um choque negativo em determinado município eleva o número esperado de mortes por agressão em 0, 08%. A análise extensiva do modelo indica que o efeito é mais intenso para óbitos masculinos, principalmente àqueles ocorridos na rua. O número de mortes femininas ocorridas em casa aumenta de forma significante diante de choques negativos.
Palavras-chave: Economia do Crime. Violência. Futebol. Mercado de apostas. Regressão de Poisson.