Este artigo pretende perceber como a participação e o desempenho da Bahia, no I Campeonato Brasileiro de Seleções ou no Torneio do Centenário, em 1922, representaram uma oportunidade para o estado reivindicar uma centralidade na construção de uma identidade nacional associada ao futebol. O Torneio foi idealizado enquanto seletiva para a formação de uma seleção brasileira que disputaria o VI Campeonato Sul Americano no Brasil. Além disso, o evento também passou a ser identificado como parte da comemoração ao I Centenário da Independência, uma data que oportunizou ao país refletir sobre sua identidade nacional, bem como repensar sua inserção na modernidade. A Bahia obteve um bom desempenho no certame, assegurando a segunda colocação. Consequentemente, a imprensa local passou a reivindicar a participação dos seus atletas na seleção brasileira, criticando o menosprezo de Rio e São Paulo para com os estados do Norte e, principalmente, questionando a política esportiva da Confederação Brasileira de Desportos, a CBD, muito voltada para os estados do Sul. Ademais, a campanha vitoriosa, para as suas elites, constitui-se em um aspecto representativo de força e da grandeza dos baianos, o que os credenciava a reclamar, a partir do esporte, por um maior espaço e protagonismo nos destinos do país. Finalmente, a campanha da Bahia e os seus desdobramentos nos permitiram problematizar os limites e peculiaridades da construção de uma identidade nacional pelo esporte, no momento em que o país buscava repensar sua identidade historicamente marcada por disputas e tensões regionais.