As Copas do Mundo constituem-se, para os brasileiros, em verdadeiros rituais nacionais, ocasiões em que se celebra a brasilidade, construção simbólica da unidade nacional, “suspendendo-se”, de certo modo, as diferenças e desigualdades que permeiam a estrutura social. Para que tal processo se efetive, é necessário que nestes períodos constitua-se um tempo próprio e uma história própria. Este processo supõe a “suspensão” do tempo cotidiano, estabelecendo feriados prolongados e acionando a memória da participação dos selecionados brasileiros nas copas do mundo. Contudo, isto não significa que tais eventos sejam imunes às conjunturas históricas nas quais se realizam, o que se evidencia, em especial, nas discussões sobre as derrotas brasileiras. As avaliações da derrota brasileira na Copa de 1998, na França, são um importante exemplo de como a história penetra neste tempo “suspenso”. Pretende-se refletir, nessa direção, acerca do surgimento da categoria de “estrangeiros” ou “europeus”, que, aplicada a jogadores brasileiros que jogam no exterior, elabora a questão dos mercados transnacionais através do futebol.