A Copa do Mundo de Futebol de 1998 foi a edição chave na história da competição ao ser um evento esportivo midiático de massa com estreia da internet em mundiais, inserindo o torneio em um processo de globalização e de expansão do mercado econômico no futebol. Ao mesmo tempo essa competição teve um dos maiores enigmas da história do futebol brasileiro, a convulsão do Ronaldo na final contra a França. O livro escrito por Iugh Mattar elabora em um primeiro tempo, um traçado de narrativas midiáticas que constrói o torneio como um repositório de negócios, de interrelações culturais globais, econômicas e políticas, de guerra, de rituais e de paz entre os atores sociais. Em um segundo tempo, a narrativa se desenvolve colocando em jogo as identidades brasileiras inseridas na disputa do que significa ser brasileiro, elaboradas pelos atores da imprensa ao longo da reconstituição da preparação da seleção brasileira que antecedeu o torneio e dos jogos do Brasil em cada etapa da competição até chegar à final. Nos acréscimos, entendemos melhor o enigma da última partida que resultou em um processo judicial midiático instaurado, o qual o herói Ronaldo e a Nike vista na caricatura “multinacional imperialista” foram os personagens principais postos no tribunal da história.