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Tese

O “trio de ferro” contra a dominação

Torcedores de futebol, ativismo e resistência
Ano

2023

Faculdade/Universidade

Programa de Pós Graduação em Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do ABC

Tema

Tese

Páginas

296

Resumo

Esta pesquisa busca contribuir para o desenvolvimento dos debates sobre ativismo esportivo no Brasil – considerando que esse ativismo é constituído tanto pelas ações que visam transformar as estruturas sociais e políticas específicas do esporte quanto por aquelas que buscam, por meio dele, alcançar transformações políticas e sociais mais amplas. Para tanto, aborda três coletivos ativistas de torcedores: o Coletivo Democracia Corinthiana, o Bloco Tricolor Antifa e o Porcomunas. Ao fazer isso, esta pesquisa objetiva responder às seguintes questões: de que maneira esses coletivos organizam, interpretam e colocam em prática seu ativismo? E em que medida e como ele pode representar uma forma de resistência às estruturas de dominação do universo futebolístico e da sociedade em geral? Para responder as questões formuladas, adota uma abordagem multiperspectívica e, apoiada na teoria social crítica de John B. Thompson, propõe que uma prática seja caracterizada como de resistência quando ela se contrapuser a uma ou mais formas de dominação. No que diz respeito ao método, adota os seguintes procedimentos: revisão bibliográfica, aplicação de questionários, observação direta, entrevistas individuais e em grupo e análise do conteúdo de postagens em redes sociais digitais. A partir da adoção desses procedimentos, (re)constrói a trajetória de lutas travadas por associações de torcedores de futebol no contexto da cidade de São Paulo a partir da década de 1940 e desenvolve uma taxonomia dessas associações. Também analisa o perfil e os modos de atuação dos membros dos coletivos pesquisados, assim como suas arenas e agendas de lutas. Entre outras coisas, essa análise indica que as atividades desses membros estabelecem um campo de interação onde podem preencher, até certo ponto, suas necessidades afetivas, assim como representam formas mais democráticas de ocupar os espaços urbanos. Também indica que as lutas desses coletivos miram a violência e as ideias fascistas e que, para enfrentá-las, eles investem na organização de atividades de conscientização política e de inclusão social, assim como na realização de protestos e manifestações de rua. Investimento que se fundamenta em um imaginário sobre o fascismo que o considera um produto da irracionalidade. Tais coletivos também miram o neoliberalismo, identificado como uma forma de fascismo, e se engajam nas lutas a favor das “minorias”, iluminando e se contrapondo a formas de dominação que costumam permanecer na penumbra. Outra pauta de relevo é a luta contra o processo de hipermercantilização do futebol, que é criticado a partir de uma narrativa saudosista e nostálgica. As análises feitas também sugerem que, no contexto pesquisado, o futebol não pode ser interpretado como uma atividade capaz de segmentar as forças progressistas, uma vez que, nele, torcedores de clubes rivais desenvolvem redes de apoio mútuo, a fim de criar uma sociedade mais igualitária, justa e democrática. Na verdade, o futebol opera, no referido contexto, como uma poderosa força integrativa, capaz de unificar as referidas forças e, com isso, ampliar suas chances de se constituírem num desafio efetivo às relações de dominação.

Abstract

This research seeks to contribute to the development of debates on sports activism in Brazil – considering that this activism is constituted both by actions that aim to transform the specific social and political structures of sport and by those that seek, through it, to achieve broader political and social transformations. To this end, it addresses three football fan activist collectives: Coletivo Democracia Corinthiana, Bloco Tricolor Antifa and Porcomunas. In doing so, this research aims to answer the following questions: how do these collectives organize, interpret and put their activism into practice? And to what extent and how can it represent a form of resistance to the structures of domination of the football universe and society in general? To answer the formulated questions, it adopts a multiperspectival approach and, supported by John B. Thompson’s critical social theory, proposes that a practice can be characterised as a form of resistance when it opposes one or more forms of domination. Regarding the method, it adopts the following procedures: literature review, questionnaire application, direct observation, individual and group interviews and content analysis of posts on digital social networks. Based on these procedures, it (re)constructs the trajectory of struggles fought by associations of football fans in the context of the city of São Paulo from the 1940s onwards and develops a taxonomy of these associations. It also analyses the profile and the modes of action of the members of the collectives researched, as well as their arenas and agendas of struggles. Among other things, this analysis indicates that the activities of these members establish a field of interaction where they can fulfil, to a certain extent, their affective needs, as well as represent more democratic ways of occupying urban spaces. It also indicates that the struggle of these collectives targets violence and fascist ideas and that, in order to confront them, they invest in organizing activities of political awareness and social inclusion, as well as in protests and street demonstrations. This investment is based on an imaginary about fascism that considers it a product of irrationality. Such collectives also target neoliberalism, identified as a form of fascism, and engage in struggles on behalf of “minorities”, shedding light on and countering forms of domination that usually remain in the shadows. Another relevant agenda is the struggle against the process of hyper-commercialization of football, which is criticized from a nostalgic narrative. The analyses also suggest that, in the researched context, football cannot be interpreted as an activity capable of segmenting progressive forces, since fans of rival clubs develop networks of mutual support in order to create a more egalitarian, fair and democratic society. In fact, football operates, in this context, as a powerful integrative force, capable of unifying the aforementioned forces and, thus, increasing their chances of constituting an effective challenge to the relations of domination.

Observações

O arquivo não se encontra disponível no site da Universidade.

Referência

LOPES, Felipe Tavares Paes. O “trio de ferro” contra a dominação: Torcedores de futebol, ativismo e resistência . 2023. 296 f. Tese () - Programa de Pós Graduação em Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, 2023.
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