Apesar do amplo desenvolvimento quantitativo e qualitativo do campo de estudos da História do Esporte e do Lazer em todo o Brasil, ainda há uma lacuna historiográfica sobre trabalhos que tematizam as décadas iniciais do futebol feminino no estado de Santa Catarina. O presente artigo investiga os espaços ocupados e os papéis desempenhados pelas mulheres no futebol em Santa Catarina ao longo do século XX, prática esportiva que foi por quase quarenta anos proibida por decreto-lei. Tal ação marginalizou a modalidade e retardou o seu desenvolvimento. Constata-se que a prática do futebol feminino no estado esteve em sintonia com o que ocorria nos grandes centros urbanos do país, com o futebol sendo visto como um esporte masculino e masculinizante, reservando papéis periféricos às mulheres. O futebol feminino era considerado algo exótico e esteve permanentemente associado aos discursos de fragilidade, de masculinização dos corpos e às diferenças estabelecidas hierarquicamente entre os gêneros. A prática buscou se desenvolver como atividade educativa e recreativa, foi coibida e estabeleceu estratégias de resistência para continuar sendo praticada até poder se estruturar em suas diversas manifestações profissionais e de lazer.
Palavras-chave: Futebol Feminino; História do Esporte; Relações de Gênero.