Esse texto pretende abordar paisagens descontínuas através de distintas práticas esportivas. As relações entre os domínios do parentesco e da formação da pessoa esportiva serão tomadas a partir dos processos de conversão em cada uma das modalidades aqui analisadas, o futebol masculino profissional e a luta corporal alto-xinguana kindene. Para tanto, o chamado “modelo das relações” será o ponto de partida, por descortinar o universo relacional entre os domínios do jogar e do torcer, mediados pela sensibilidade do olhar. Se a pessoa esportiva, para o caso do futebol, pode ser elaborada através de uma rede de sociabilidade ancorada no parentesco e na oralidade que modula o torcer, a luta alto-xinguana mobiliza outras redes em torno do lutar (jogar), estreitando relações de alianças e rivalidades entre os chefes patrocinadores e os homenageados de cada ocasião. A proposta é, via o parentesco, debater as extensões dos significados atribuídos às práticas esportivas.
Palavras-chave: Antropologia das práticas esportivas, Conversão, Pessoa esportiva, Futebol, Luta alto-xinguana