São personagens que dançam na ponta fina do lápis com vida; que gingam, pulam, explodem redes em gols coloridos. Personagens dentuços, queixo caído, pernas longas, chuteiras em pés trocados, cabeças roliças vestindo cartolas pontiagudas. Personagens de nossos teatros aos domingos em fins de tarde, gerados pelo lápis que respira, vive, grita, protesta, estimula, faz rir. Apenas o fino humor de Agner.
Eis a arte de representar-silêncio pelos caminhos irônicos da charge de Agner, afetivo tutor desses personagens que, como Chaplin, são capazes de correr, pular, acusar, defender, sem um só movimento, uma única sílaba. Escutem como eles riem em silêncio, movidos por uma ponta de lápis.
Flávio Adauto.