Retranca na Alemanha

A ficção de futebol é um exercício difícil, especialmente porque a realidade do esporte parece mais interessante do que qualquer história inventada. Um baú gigantesco de histórias fantásticas de futebol pode ser encontrado nas Copas do Mundo, competição máxima do esporte. Em 2006, a Copa do Mundo foi marcada por diversas controvérsias, inclusive a sua final com a agressão polêmica de Zidane em Materazzi. São 22 jogos controversos apresentados por dois personagens ficcionais: Dr. Controvérsia e Sr. Errôneo. Além disso, tem a participação “zumbi” de Sérvia e Montenegro, a estreia com gol de Messi nas Copas, a piscadela de Cristiano Ronaldo, o quadrado mágico brasileiro e o assédio dos fãs. Essas histórias se transformam em estórias narradas em 64 microcontos, baseados na forma literária do diálogo ficcional, em Retranca na Alemanha. Esses microcontos são um misto de conto e crônica Assim, as fronteiras entre fato e ficção não são postos por uma condição de Realismo Fantástico, mas sim por uma escolha de que “quem conta um conto, aumenta um ponto”. As histórias aqui, então, são também estórias sobre a Copa do Mundo de Futebol de 2006, realizada entre 9 de junho e 9 de julho daquele ano em doze cidades alemãs. São elas: Berlin, Dortmund, Munique, Stuttgart, Gelsenkirchen, Hamburgo, Frankfurt, Colônia, Hanover, Leipzig, Kaiserslautern e Nuremberg. Para fins formais, os microcontos possuem exatas 100 palavras. Esse gênero textual, em língua inglesa, é conhecido como drabble. Isso reforça o exercício criativo posto para (re)contar os 64 jogos que formaram a competição que fez a Itália tetracampeã após uma final polêmica com a França. Este é o décimo-oitavo livro de vinte planejados, todos seguindo o mesmo preceito. Seja dentro deste volume, seja no contexto completo das obras, há de se ter um caleidoscópio daquilo que o futebol tem de melhor: suas pequenas histórias.