Somos todos mestiços: visibilidade e naturalização do racismo na campanha “Somos Todos Macacos”

Esse artigo analisa campanha lançada a partir de um caso de ofensa racial contra o jogador de futebol Daniel Alves. Propagada pelo também atleta Neymar Jr., a campanha Somos Todos Macacos tentava responder ao problema global dos discursos de racismo em estádios e obteve grande repercussão nas redes sociais e cobertura midiática. A tentativa de inserir um tema tabu por meio de slogan teve êxito ao alcançar gigantesco engajamento virtual, mas também gerou controvérsia, especialmente após a descoberta que esse tema de interesse público foi trazido à cena pública por meio de uma estratégia de agência de publicidade. A partir da noção de “paradoxo da visibilidade”, constata-se que, apesar de obter visibilidade, a estratégia sucumbe ao tentar simplificar um tema complexo sugerindo ação privada em um problema social que necessita de ação coletiva. A conclusão é de que a naturalização do racismo e o ideal de miscigenação no Brasil engendram a manutenção de discursos racistas, mesmo quando a tentativa é de insurgência contra eles, caso da campanha Somos Todos Macacos.

Palavras-chave: Visibilidade; Comunicação; Racismo; Campanha.

Ese texto analiza la campaña lanzada a partir de un caso de ofensa racial contra el futbolista Daniel Alves. La campaña Somos todos monos intentaba responder al problema global de los discursos de racismo en estadios y obtuvo gran repercusión en las redes sociales y cobertura mediática. El intento de insertar un tema tabú por medio de lema tuvo éxito al alcanzar gigantesco compromiso virtual, pero también generó controversia, especialmente después del descubrimiento que ese tema de interés público fue traído a la escena pública a través de una estrategia de agencia de publicidad. A partir de la noción de “paradoja de la visibilidad”, se constata que, a pesar de obtener visibilidad, la estrategia sucumbe al intentar simplificar un tema complejo sugiriendo acción privada en un problema social que necesita de acción colectiva. La conclusión es que la naturalización del racismo y el ideal de mestizaje en Brasil engendran el mantenimiento de discursos racistas, incluso cuando el intento es de insurgencia contra ellos, en el caso de la campaña Somos todos monos.

PALABRAS CLAVE: Visibilidad; Comunicación; Racismo; Campaña Somos todos monos.

The following article analyzes advertising campaign launched from a case of racial offense against soccer player Daniel Alves. Propagated by the athlete Neymar Jr., the We Are All Monkeys advertising campaign tried to respond to the global problem of discourses of racism in stadiums and obtained great repercussion in social networks and media coverage. The attempt to insert a taboo theme through a slogan was successful in achieving a huge virtual engagement, but it also generated controversy, especially after the discovery that this public interest theme was brought to the public scene through an advertising agency strategy. From the notion of “visibility paradox”, it is observed that, despite gaining visibility, the strategy succumbs in trying to simplify a complex theme suggesting private action in a social problem that needs collective action. The conclusion is that the naturalization of racism and the ideal of miscegenation in Brazil engender the maintenance of racist discourses, even when the attempt is of insurgency against them, in the case of the We Are All Monkeys advertising campaign.

KEYWORDS: Visibility; Communications; Racism; We Are All Monkeys Advertising Campaign.