A televisão brasileira nasceu nos anos 1950 pelas mãos da iniciativa privada e sob o domínio do pensamento liberal. Herdeira do rádio, ela incorporou o espetáculo das radionovelas, o ordenamento jurídico de tendência liberalizante e a omissão do poder público quanto à regulamentação dos seus limites. Incorporou também o jeito de transmitir futebol desenvolvido nos anos 1930, quando a palavra de ordem era promover a integração nacional associando o futebol à pátria. Foi nesse período que o futebol brasileiro ganhou projeção internacional e sofreu mudanças na sua estrutura com
a profissionalização em 1933. A dicotomia entre público e privado transformou questões de interesse público em entretenimento, isentando emissoras, que são concessões públicas, de esponsabilidades
com a formação crítica e cultural da população. O limite surgiu com as primeiras experiências de TVs públicas por meio dos chamados canais educativos, criados a partir dos anos 1960, durante a ditadura militar.