A comunicação apresenta reflexões acerca da relação memória-história, a partir de um conjunto de atores do universo esportivo. O ponto de partida são entrevistas realizadas com líderes de torcidas organizadas de futebol do Rio de Janeiro, nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Os depoimentos foram colhidos como fonte primária para a minha tese de doutorado, no Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura da PUC-Rio: O clube como vontade e representação: o jornalismo esportivo e a formação das torcidas organizadas de futebol do Rio de Janeiro (1967-1988). Como se sabe, as torcidas organizadas são coletividades contemporâneas que emergiram com maior força na segunda metade do século XX. Nelas, o registro escrito é raro ou rarefeito. Em contrapartida, a lógica das rivalidades nesse campo tem por efeito um acentuado grau de coesão dos agrupamentos, reunidos em torno de uma memória coletiva transmitida oralmente, de geração a geração. A apresentação procurará enfocar os elementos que estruturam o discurso dos chefes de torcida a respeito da formação de suas próprias agremiações. Procura-se mostrar de que maneira os relatos concernentes à memória do grupo revelam novas perspectivas não apenas sobre a história do futebol como sobre a própria história do país naquele período.