Este trabalho resgatou o imaginário da Seleção Brasileira de 1994 no jornal Folha de São Paulo (FSP), no período entre 01/01/1994 e 31/12/1994. Para chegarmos ao problema de pesquisa, a experiência em acompanhar os debates na imprensa esportiva também foi importante. A equipe treinada por Carlos Alberto Parreira foi objeto de análise antes, durante e depois do Mundial dos Estados Unidos. O que verificamos nos artigos da FSP indica que a Seleção de 94 não teria honrado as gloriosas tradições do futebol brasileiro, embora tenha vencido a competição. Configurou-se uma espécie de “mal-estar” diante do desempenho da equipe, de acordo com essas fontes jornalísticas, em reportagens e textos de opinião. As gloriosas tradições estariam mais ligadas ao estilo, ao “jogo bonito”, ao “futebol-arte”, aquilo que nos tornaria singular perante o mundo esportivo. Os antagonistas de 94 seriam justamente o técnico Parreira e seu coordenador Zagallo, ou seja, as amarras ao “estilo brasileiro” estariam identificadas. O atacante Romário, por outro lado, seria mais um ponto de tensão, pois simbolizaria, de forma quase solitária, o pouco de “brasilidade” que restaria na equipe. Vale salientar que boa parte do discurso acadêmico parece caminhar também nessa direção e, ainda que pouco tenha se detido acerca desta passagem do futebol brasileiro, corrobora a necessidade de afirmação de identidade nacional por meio do futebol, para a qual o “estilo brasileiro” seria fundamental. O viés laudatório, de exaltação aos valores nacionais do futebol – que muitas vezes pouco foge do que a mídia esportiva costumou propagar historicamente –, demonstrou a necessidade de mais pesquisas sobre o tema, sem o compromisso de louvar a “brasilidade”.