As transmissões televisivas de futebol ocupam um lugar de destaque na grade de programação das principais emissoras do país, tanto da rede aberta, quanto das tevês a cabo e satélite, principalmente após o advento do pay-per-view. Este tipo de programa, que divide com as novelas e os telejornais a liderança dos índices de audiência, é construído através de uma gramática própria, elaborada a partir da articulação entre as diferentes lógicas que presidem seus processos de produção, circulação e consumo. A proposta deste trabalho é estudar o comportamento do contrato midiático como proposto por Patrick Charadeau, a partir da locução esportiva das reportagens e das publicidades nas transmissões televisivas ao vivo de uma partida de futebol, procurando também situar o lugar deste tipo de programa na grade de programação das emissoras. Para realizar estes objetivos, sua elaboração foi baseada na verificação da regularidade das propriedades estáveis do discurso, ressaltando também as diferenças encontradas após comparação entre dois suportes: a TV aberta e o pay-per-view. Após um apanhado histórico sobre o futebol e as transmissões televisivas, o trabalho apresenta os pressupostos teóricos que permeiam o contrato de comunicação midiática e dedica também uma grande atenção ao desenvolvimento dos conceitos de gênero, configurando, por fim, o subgênero “acontecimento midiático”. Depois deste percurso, o estudo identifica os elementos que compõem este tipo de transmissão e verifica o funcionamento de cada um deles de acordo com os pressupostos do contrato midiático e de sua inserção como um subgênero específico dos programas de tevê, destacando seus pontos fortes e fracos, e suas supostas incoerências.