O objetivo da presente dissertação foi de apreender as histórias e memórias dos exárbitros de futebol de Minas Gerais que foram vinculados à Federação Mineira de Futebol. O trabalho foi importante diante da possibilidade de expansão de olhares sobre práticas populares por vezes marginalizadas nos estudos da gestão, deslocando nossa atenção para a multiplicidade do fazer social. Para tanto, partimos da concepção de vida social organizada para, a partir dos estudos históricos, enfatizarmos o papel das memórias no desenvolvimento do conhecimento em Administração. No trabalho, nós as consideramos como trabalhos nostálgicos que permitem a reconstrução do passado atendendo aos interesses e às diretrizes do tempo presente. Logo após, realizamos uma breve discussão histórica sobre o futebol e apresentamos as diretrizes relacionadas à arbitragem de futebol. Em nosso caminho metodológico, adotamos as congruências entre as abordagens histórica e qualitativa, recorrendo às narrativas orais. Realizamos o total de 21 entrevistas narrativas semiestruturadas com ex-árbitros de futebol de Minas Gerais que pertenceram ao quadro de árbitros da Federação Mineira de Futebol. As narrativas foram complementadas com o uso de documentos e nossas anotações de caderno de campo. Para análise, trabalhamos com a análise de narrativas, apresentando quatro temáticas principais: as lembranças do ser árbitro, sua função e seus pilares; os movimentos relacionados à busca pela profissionalização da arbitragem; as lembranças do futebol amador, profissional e suas tentativas de corrupção; e por fim as lembranças das entidades representativas e organizadoras do futebol. As discussões destas temáticas envolvem histórias das violências sofridas nos campos amadores, das dinâmicas do futebol profissional, das imposições das entidades diretivas do futebol, das relações com as entidades representativas dos árbitros, dos detalhes sobre os fazeres, dos sentimentos conectados às experiências, das histórias das atuações dentro de campo e do movimento por uma profissionalização da atividade e da consideração do árbitro como aquele que é gestor de conflitos e de interesses, que cria tendo em vista as imposições dos sujeitos de maior poder na relação. Por fim, trabalharmos com as memórias dos ex-árbitros permitiu avançarmos no conhecimento histórico nos Estudos Organizacionais à medida que sobrelevamos saberes sociais relacionados à vivência do tempo, da amizade, do grupo, do familiar e da experiência. São nesses trabalhos nostálgicos improdutivos aos olhos do capital, e produtivos para nós, que indicamos possibilidades de pesquisas futuras, já que consideramos o trabalho de recordação objetivo do campo da gestão.
Palavras-chave: árbitros de futebol; memória; história, narrativas orais.