Este trabalho teve como objetivo analisar em que medida o preconceito racial no futebol medeia a relação entre o uso de agressões verbais e a concordância com ações judiciais que negam a existência do preconceito racial no futebol. Adicionalmente, buscou-se analisar os discursos que as pessoas utilizam para se posicionarem diante de situações de preconceito racial no futebol e quais princípios que organizam essa tomada de posição. Para alcançar estes objetivos foi realizado um estudo exploratório e correlacional. Participaram desta pesquisa 295 estudantes de uma universidade pública do Estado da Paraíba, com idades entre 15 e 61 anos (M= 21, DP = 6.01) sendo 109 do sexo masculino e 185 do sexo feminino; um participante não respondeu à questão. Os resultados demonstraram que a relação entre a agressão verbal e a concordância com o posicionamento do juiz ao retirar a acusação de injúria racial foi totalmente mediada pelo preconceito. Os resultados também demonstraram que os discursos dos participantes, de um modo geral, admitem a existência do preconceito, mas ao mesmo tempo, negam a gravidade de atos preconceituosos no contexto do futebol. Tomados em conjunto, estes resultados indicam que a manifestação do preconceito racial no futebol brasileiro ocorre de forma flagrante, mesmo que nos consideremos uma democracia racial. Os discursos evidenciados indicam que os posicionamentos dos participantes variam de acordo com as ancoragens utilizadas para tais posicionamentos, seja o contexto da disputa, no qual alguns xingamentos decorrem de uma postura antiética ou são construções midiáticas, seja no contexto social, no qual os xingamentos decorrem de uma postura preconceituosa e refletem a sociedade brasileira.
Palavras chave: preconceito racial; futebol; racismo; agressão verbal.