Essa dissertação pretende analisar as ações de um grupo de torcedores do Fortaleza Esporte Clube, denominado Movimento Independente da Torcida Tricolor, também denominado MITT, fundado em 2006, que tem como principal objetivo a reforma e ampliação do patrimônio físico do clube, por meio de campanhas de arrecadação de dinheiro e material de construção. A análise se dá considerando o futebol como um campo, nos termos usados por Pierre Bourdieu, um espaço marcado pela disputa de um capital simbólico próprio e formas de consagração específicas. Partindo das opiniões dos torcedores em programas esportivos de rádio e discussões em fóruns virtuais, bem como da observação das reuniões realizadas pelo MITT, observou-se que, desde sua fundação, o grupo tem conquistado prestígio, sendo considerado pelos torcedores um modelo a ser seguido. Esse crescimento do valor da associação, nesse espaço social onde a dádiva, o dar sem esperar algo em troca, o sacrifício em nome de algo maior (o clube) e a supressão dos interesses individuais são considerados valores supremos, tem sido conquistado a partir de dois modos de manifestação pública de desinteresse: primeiro, por algum ganho financeiro, explicitada pela constante divulgação nos meios de comunicação das prestações de conta do que é arrecadado junto aos torcedores, e finalmente pela renúncia da busca de consagração, ou seja, pela própria forma específica de capital simbólico aí em jogo.