Esse estudo tem como objetivo refletir sobre a divisão racial e sexual no esporte, e o corpo-experiência-interseccional como método, tendo como recorte a esfera futebolística, a partir dos resultados da pesquisa concluída, intitulada “As mulheres árbitras de futebol: um estudo sobre tecnologias de gênero e perspectivas da divisão sexual do trabalho” 4 . Trata-se de abordar os resultados enfatizados no contexto da interseccionalidade, refletindo sob um olhar para além, visando pensar os tensionamentos nos marcadores da diferença no campo esportivo de forma mais abrangente, bem como debater sobre possíveis ações políticas. Na pesquisa analisada foi investigada a divisão sexual no trabalho de arbitragem, considerando a racialização, sendo utilizada a perspectiva interseccional impulsionada pelo corpo-experiência, com a pesquisadora desde dentro: implicada-participante, partindo dos marcadores em seu próprio corpo, como raça, sexualidade, classe, território e suas experiências como árbitra. O material empírico constituiu-se de análise documental e narrativas das árbitras. Teoricamente fundamentada em estudos raciais, de gênero, inclinando-se no ponto de vista e nos feminismos, e tendo como resultados principais: a divisão sexual no futebol; submissão de gênero; dupla opressão das mulheres negras e exclusão. As desigualdades são apontadas a partir de um número ínfimo de mulheres no quadro, bem como menor participação do trabalho de arbitragem em comparação com os homens. A saber, o campo futebolístico é androcêntrico, organizado em forma de política de gênero, lugar de macho e branco.
Palavras-chave: Interseccionalidade no esporte; corpo-experiência; divisão sexual.