Essa pesquisa se debruça sobre os significados do jogo e, em especial, do futebol no mundo cotidiano. Partindo de autores como Johan Huizinga e Eugen Fink, para quem o jogo se apresenta respectivamente como elemento fundador da cultura e símbolo mesmo do mundo, e passando pelas reflexões de Deleuze acerca do jogo em autores como Nietzsche e Jorge Luis Borges, a pesquisa busca em Roger Callois uma historização dos diversos jogos humanos e dos instintos lúdicos a que correspondem para, em seguida e recorrendo sobretudo a José Miguel Wisnik, procurar definir o lugar próprio do futebol no registro contemporâneo. Intrinsecamente aberto ao acaso e na encruzilhada de múltiplos registros narrativos, o futebol aparece como um teatro de alternância e reversibilidade em que, encarando de frente a experiência do possível, torcedores e espectadores encontram um espaço privilegiado para a elaboração de sua identidade e experiência do mundo. A pequisa busca ainda, através do diálogo com autores como Georges Didi-Hubermane Jacques Rancière, traçar paralelos e ressonâncias entre o universo do esporte e o das artes, aproximando o torcedor do leitor ou espectador de cinema e propondo que, no fim, trata-se sempre de viver o mundo através de narrativas que promovem um alargamento do próprio possível.
Palavras-chave: Jogo; Futebol; Acaso; Narrativa; Estética