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ISSN 1679-3951

“Vão achar que é uma piada, mas, para nós, não!”: discursos de resistência em clubes brasileiros de futebol gay

Periódico / Revista

Cadernos Ebape.br

Número

n. 4

Ano

2020

Volume

v. 18

Páginas

p. 1058-1070

Arquivos

Resumo

No futebol, a discriminação contra homossexuais é perpetrada pela injúria homofóbica, ato performativo de fala que silencia e afasta indivíduos gays do referido esporte, reforçando o culto à masculinidade hegemônica. Como reação, clubes de futebol gay têm emergido para proporcionar a participação dos homossexuais no esporte. Reconhecendo a relevância dessas iniciativas como práticas de resistência, neste artigo são analisados discursos de resistência à heteronormatividade sustentados por jogadores de clubes de futebol gay. Para tal, foram entrevistados 22 jogadores gays integrantes dos referidos clubes presentes em nove capitais brasileiras. Os relatos, interpretados sob a ótica da análise do discurso de Foucault, revelaram três discursos de resistência permeando tais iniciativas: ressignificação da injúria pelo humor; regras de interação; e silenciamentos e invisibilidades. Conclui-se que os discursos operam em uma lógica dual, produzindo enunciados que, embora tensionem a ordem gênero-sexualidade e o regime do armário, não impedem a persistência de enunciados que, paradoxalmente, atuam reforçando estes dispositivos heteronormativos.

Palavras-chave: Resistência. Heteronormatividade. Futebol gay. Discurso.

Resumo (outro idioma)

En el fútbol, la discriminación contra los homosexuales es perpetrada por ofensas homofóbicas, actos de habla performativos que los silencian y alejan de dicho deportes, lo que refuerza el culto a la masculinidad hegemónica. Como reacción, han surgido clubes de fútbol gay para propiciar la participación de los homosexuales. Reconociendo la relevancia de estas iniciativas como prácticas de resistencia, este artículo analiza los discursos de resistencia a la heteronormatividad apoyados por jugadores de clubes de fútbol gay. Con este fin, se entrevistaron a 22 jugadores homosexuales de estos clubes, presentes en nueve capitales brasileñas. Los relatos, interpretados desde la perspectiva del análisis del discurso de Foucault, revelan tres discursos de resistencia que impregnan tales iniciativas: resignificación de la ofensa a través del humor; reglas de interacción; y silenciamientos e invisibilidades. Se concluye que los discursos operan en una lógica dual, en la que la presencia de declaraciones que tensionan el orden de género-sexualidad y el régimen del armario no impiden la persistencia de enunciados que, paradójicamente, refuerzan los dispositivos heteronormativos.

Palabras clave: Resistencia. Heteronormatividad. Fútbol gay. Discurso.

Abstract

In soccer, discrimination against homosexuals is perpetrated by homophobic injury, a performative speech act that silences and excludes gay individuals, reinforcing the hegemonic masculinity. As a reaction, gay soccer clubs have emerged to provide participation in the sport. Recognizing its relevance as practices of resistance, this article analyzes discourses of resistance to heteronormativity supported by players from gay soccer clubs. Interviews were conducted with 22 gay players from these clubs present in nine Brazilian capitals. According to the interviews, interpreted from the perspective of Foucault’s discourse analysis, three resistance discourses permeate such initiatives: resignification of injury by humor; interaction rules; and silences and invisibility. It is concluded that the speeches operate in a dual logic, in which the presence of statements tensioning the gender-sexuality order and the closet regime does not prevent the persistence of statements that reinforces these same heteronormative deployments.

Keywords: Resistance. Heteronormativity. Gay Soccer Clubs. Discourse.

Referência

CASTRO, Gustavo Henrique Carvalho de; SIQUEIRA, Marcus Vinicius Soares. “Vão achar que é uma piada, mas, para nós, não!”: discursos de resistência em clubes brasileiros de futebol gay. Cadernos Ebape.br. Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 1058-1070, 2020.
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