O esporte ocupa um lugar significativo na sociedade midiatizada. Consequentemente, as produções informacionais sobre o esporte devem ser entendidas como mercadorias objetivadas (Quére, 2000) e “normalizadas” no sentido de que o esporte é tratado de acordo com os significados sociais existentes, co-construídos e legitimados pelo próprio jornalista. A diversidade é então uma norma? Como ela é construída? Como é percebida pelos jornalistas? Em que medida isso interfere nas práticas e discursos produzidos? No plano teórico-metodológico, a análise recorre ao trabalho de Denis McQuail (1997 e 2003) sobre “a responsabilização dos meios de comunicação”. A análise baseia-se, então, na identificação dos processos discursivos propostos por Schaeffer (1989), os quais se estruturam, por um lado, por um ato comunicativo que se desenvolve a partir dos processos de enunciação e, por outro, pelo ato realizado. Neste caso, os dados de campo utilizados provêm do Projeto RSJ-MéDiS, advindos de vários encontros, jornadas de estudo, seminários, entrevistas e por vezes trocas informais. Enquanto esses dados proporcionam uma melhor compreensão do contexto do enunciado, a análise do ato praticado é realizada por meio de comentários produzidos durante as visitas diretas ao INAthèque. Os eventos escolhidos são as competições de atletismo dos Jogos Olímpicos do Rio (2016) e do Mundial de Londres (2017) transmitidos nos diversos canais do grupo France-Televisions (France 2-3-4). No caso do campo explorado, o dos jornalistas da France Télévisions e no que se refere aos eventos analisados, o das competições internacionais de atletismo, são os padrões e valores comumente associados ao esporte que servem de quadro para a interpretação dos eventos e desempenho esportivo. Às vezes inclusivo, às vezes segregativo e exclusivo, o discurso oscila de acordo com as flutuações dos padrões esportivos.
Palavras-Chave: esporte; diversidade; responsabilidade (prestação de contas da mídia)