O estádio de futebol é um lugar de grande relevância cultural, sendo eu entorno ser local de socialização e de alteridade entre distintos grupos de torcedores. Dentro da Geografia, podemos dizer que o estádio de futebol é um local capaz de evocar memórias afetivas e criar topofilia aos torcedores cujas experiências de espectação se dão ali. Locus de ritualizações, de sociabilidade e de alteridade, o entorno do estádio tem uma paisagem que é produzida. Nessa paisagem produzida, estão expressos símbolos materiais e símbolos imateriais, discursos e narrativas, que são de domínio da elite econômica. Assim, a hegemonia da produção simbólica da paisagem é dada pelos agentes com maiores recursos financeiros e influência política naquele lugar, apontando que os meios de produção simbólicos estão com quem detém os meios de produção das mercadorias. Esse trabalho visa elucidar o processo de produção simbólico hegemônico que utiliza o Santos FC para ser expresso. Para tal, através dos preceitos da Nova Geografia Cultural, analisamos o sistema de símbolos para além do entorno do estádio Urbano Caldeira, a “Vila Belmiro”, abarcando toda a cidade de Santos-SP. Em boa medida, o trabalho entende o Santos FC e seu estádio como símbolos dentro de um sistema maior, metonímico, cuja extensão abarca toda a área urbana de seu município sede, com intencionalidades relacionadas à formação identitária do morador à cidade. De forma a investigar qual o negativo do discurso hegemônico, é apresentada na dissertação a formação socioespacial da cidade, visando elencar episódios e personagens históricos capazes de apontar outras narrativas, assim como o embasamento ao discurso elitista. Por conta do contingente de torcedores maior em São Paulo, o trabalho também analisa as dificuldades de deslocamento da paisagem por parte da torcida do Santos FC na capital, suas territorialidades intermitentes, espaços de sociabilidade e encontros em meio a uma realidade distinta à vivenciada na cidade litorânea. Por fim, o trabalho também faz uma defesa do futebol como objeto de estudo da Geografia dada a sua relevância no cotidiano da população de Santos e de qualquer outro município brasileiro onde haja duas metas, um campo e uma bola.
Palavras-chave: Paisagem, Formação Socioespacial, Produção Simbólica, Lugar, Futebol, Santos FC.