22 em Campo
Museu do Futebol abre a exposição 22 em Campo, que explora as relações entre Modernismo e o esporte mais popular do país.
Que relações existem entre o futebol e o Modernismo? Esta é a reflexão trazida pela nova exposição temporária do Museu do Futebol, que mostra como o movimento artístico e o esporte foram fundamentais na criação de uma identidade brasileira através de uma experiência multimídia e interativa.
Como o movimento cultural que buscava a valorização de uma cultura cotidiana brasileira pode se ligar ao esporte, que também veio de fora e rapidamente se tornou popular em todas as classes sociais? Este é um dos motes motes propostos pela nova exposição 22 em Campo. Com curadoria de Guilherme Wisnik, a mostra apresenta as ligações, às vezes inusitadas, às vezes surpreendentemente diretas, entre o movimento cultural e o esporte das multidões.
Os modernistas e a bola
Na abertura da Semana de 22, o escritor Menotti Del Pichia cita o jogador Friedenreich em seu discurso. Mário de Andrade dedicou um poema à primeira grande estrela do futebol brasileiro e, enquanto Oswald de Andrade escreveu alguns versos sobre futebol, a pintora Tarsila do Amaral registrou numa crônica sua experiência como torcedora em um Brasil x Argentina no Parque Antártica.
A exposição reflete sobre as relações entre o jogador Garrincha (1933-1983) e o personagem Macunaíma, criado por Mário de Andrade, inspirado em uma entidade indígena. Conhecido como o “anjo das pernas tortas”, Garrincha era descendente do povo Fulni-ô, de Alagoas e Pernambuco, e encantou o mundo com os dribles desconcertantes e o jeito alegre de jogar – uma mistura ambígua de malícia e inocência que também está presente em Macunaíma.
Ao fim da mostra, os visitantes terão elementos para pensar como o Modernismo e o Futebol se relacionam à construção da ideia do que é “ser brasileiro” – com ambiguidades, complexidades e contradições.