O futebol é uma prática amplamente difundida no Brasil. Não se circunscrevendo a um espaço específico e a um único formato, ele é de domínio público, se produz de múltiplas maneiras e em diversos lugares, articula variadas formas de engajamento e conjuga diferentes gerações de praticantes. Essa singularidade do futebol suscitou a realização de uma pesquisa de doutorado sobre os seus modos de aprendizagem. Respeitando as características do futebol no Brasil, a pesquisa exigiu o diálogo com a noção de aprendizagem situada de Lave e Wenger (1991): cuja abordagem da aprendizagem como participação na prática social cotidiana permitia acessar tais processos ocorrendo fora das situações de ensino. Não sendo o modelo escolar (de transmissão) a referencia hegemônica para a prática/aprendizagem, a pesquisa de campo realizada em 2005 colocou foco nas práticas futebolísticas de jovens de um bairro da periferia de Belo Horizonte/BR: na escola; no campo de futebol e na praça de esportes do bairro; em outros campos da cidade dos quais os jovens da pesquisa participavam. A pesquisa permitiu desvelar aspectos importantes do processo de aprender no/do futebol, dentre o quais é objetivo colocar em foco neste artigo: a) o “futebol como um jogo de contato entre seres humanos” no qual o aprender é “pegar a moral do outro”; b) a aprendizagem do futebol como processo relacional e coletivo: as relações entre poder, acesso e aprendizagem.
Palavras-chave: futebol, aprendizagem, cotidiano, cultura, relação.