Nossa contribuição visa a refletir sobre o impacto, no âmbito do futebol, do genocídio ocorrido de abril a julho de 1994 em Ruanda. Uma das principais modalidades esportivas e de lazer no país, por décadas, o futebol foi ambiente da convivência pacífica entre as etnias hutu e tútsi. Todavia, o conflito étnico que resultou no massacre de mais de 800 mil pessoas num espaço de cem dias fez com que esse quadro de aparente harmonia ruísse. Vinte anos após o genocídio, o país se esforça em um trabalho permanente pela reconciliação entre as duas etnias e pela preservação da memória dos mortos. Nesse sentido, enfocaremos esse triste capítulo da história de Ruanda, tomando por base os testemunhos de ex-jogadores, sobreviventes das matanças, publicados no capítulo “O desaparecimento das redes”, do livro Uma temporada de facões (2005; título original: Une saison de machettes: récits, 2003), de Jean Hatzfeld, obra de caráter testemunhal tão cara aos Estudos Literários.
Palavras-chave: futebol; genocídio; Ruanda; lazer; memória; violência.