O futebol, embora fosse tomado muitas vezes como símbolo de modernidade, progresso e civilidade, também gerou desconfianças e rejeições. Neste texto, pretendemos lançar luz sobre críticas pouco conhecidas pela história do esporte. Trata-se daquelas publicadas no Lar Catholico, semanário da Igreja Católica criado pela Congregação do Verbo Divino em 1919, em Juiz de Fora-MG. Nosso objetivo é resgatar o posicionamento do jornal nas décadas de 1920 e 1930, identificar o eixo de suas críticas ao futebol, e localizá-las no contexto de disputas e tendências que marcaram o período. De forma geral, as críticas ao futebol e a cultura popular presentes no jornal, refletem o medo da elite católica em relação à modernidade secular. O futebol era visto como selvagem, perigoso, uma ameaça moral, capaz de incentivar a profanação do domingo, desviar os jovens de suas virtudes, além de levá-los a comportamentos frívolos. A defesa da fé e dos valores cristãos era para a congregação do verbo divino, uma maneira de resistir ao projeto secular de modernização e continuar exercendo influência nas famílias brasileiras. Por fim, acreditamos que nosso estudo indica a existência de vozes dissonantes e nuances no processo de difusão do futebol pelo interior do país, que não podem ser ignoradas.
Palavras-chave: Futebol; Modernidade; Lar Catholico, Juiz de Fora.