A interação discursiva pode ser compreendida como sistema adaptativo complexo, de modo que adaptações ocorrem em função de variadas demandas contextuais interconectadas no fluxo discursivo. Cada interlocutor contribui com a interação, de forma complexa, sistemática e dialógica, através das dimensões socioculturais, históricas e ontogenética nas quais se insere. Nesse sentido, as metáforas e as metonímias presentes no fluxo discursivo parecem emergir a partir de uma negociação conceitual entre os interlocutores. Segundo Cameron (2003, 2007, 2008), a metáfora sistemática pode ser entendida como uma rede de metáforas linguísticas que emerge no fluxo discursivo, conectando-se a determinados tópicos discursivos, formando um padrão, ou seja, uma conceitualização que, ao emergir no e pelo discurso, alcança uma estabilidade temporária, sendo, portanto, fruto da interação entre diversos agentes e/ou subsistemas: pragmáticos, sociais, culturais, históricos e cognitivos. No entanto, Cameron não especifica que aparatos cognitivo-conceituais podem contribuir para a emergência da reportada conceitualização. Nesse sentido, este trabalho parte da hipótese de que a abordagem de metáforas sistemáticas pode dar conta da conceitualização da violência no futebol apenas no plano discursivo. A teoria da integração conceitual, de Fauconnier e Turner (2002, 2007) pode aclarar a base cognitivo-conceitual lacunada pelas metáforas sistemáticas, o que se configurou como uma hipótese desencadeada pela primeira. Também é defendida a hipótese de que a metáfora sistemática pode ser entendida, em certo aspecto, como metonímia sistemática. Para tanto, consideramos a visão de Morin (2013) no que diz respeito a sistema e suas implicações, bem como a perspectiva de Weaver (1948), Mitchel (2009), e, Larsen-Freeman e Cameron (2008) sobre sistemas adaptativos complexos. No intuito de verificar as mencionadas hipóteses, foi utilizada a técnica de investigação de grupo focal, formado por 06 torcedores que discutiram sobre violência no futebol. O discurso foi gravado em áudio e vídeo, depois transcrito segundo os procedimentos listados por Cameron et al. (2009). A pesquisa é de natureza qualitativa. Os dados são interpretados a partir de uma interface que converge: a Teoria dos Sistemas Adaptativos Complexos e a análise do discurso à luz da metáfora sistemática (CAMERON, 2003, 2007, 2008; CAMERON et al. 2009, CAMERON; MASLEN, 2010) e Teoria da Integração Conceitual (FAUCONNIER; TURNER, 2002).