A ficção de futebol é um exercício difícil, especialmente porque a realidade do esporte parece mais interessante do que qualquer história inventada. Um baú gigantesco de histórias fantásticas de futebol pode ser encontrado nas Copas do Mundo, competição máxima do esporte. A ascensão de Zidane de sua expulsão polêmica a uma final perfeita. Os pênaltis holandeses defendidos por Taffarel. As mudanças mágicas do técnico mexicano Manuel Lapuente. A incrível Croácia do artilheiro Suker. Batistuta e seu fato de gol. Vieri e uma Itália ofensiva. Essas histórias se transformam em estórias narradas em 64 microcontos, baseados na forma literária do diálogo ficcional, em Surpresa na França. Esses microcontos são um misto de conto e crônica Assim, as fronteiras entre fato e ficção não são postos por uma condição de Realismo Fantástico, mas sim por uma escolha de que “quem conta um conto, aumenta um ponto”. As histórias aqui, então, são também estórias sobre a Copa do Mundo de Futebol de 1998, realizada entre 10 de junho e 12 de julho daquele ano em dez cidades francesas. São elas: Saint-Denis, Marselha, Paris, Lyon, Lens, Nantes, Toulouse, Saint-Étienne, Bordeaux e Montpellier.Para fins formais, os microcontos possuem exatas 100 palavras. Esse gênero textual, em língua inglesa, é conhecido como drabble. Isso reforça o exercício criativo posto para (re)contar os 64 jogos que formaram a competição que fez, como campeã mundial pela primeira vez, a anfitriã França do craque Zidane.Este é o décimo-sexto livro de vinte planejados, todos seguindo o mesmo preceito. Seja dentro deste volume, seja no contexto completo das obras, há de se ter um caleidoscópio daquilo que o futebol tem de melhor: suas pequenas histórias.