O presente artigo consiste em um levantamento intercontinental do fenômeno associativo das “torcidas” organizadas, agrupamentos de torcedores que se estruturam para o apoio aos clubes de futebol profissionais ao redor do mundo, tendo por epicentro times localizados na Europa e na América do Sul. Este apanhado enfoca a presença e as características destes grupos de aficcionados em estádios europeus e latino-americanos na contemporaneidade, por meio de uma reconstituição histórica, sociológica e antropológica de suas características principais nesse conjunto de países. Tal descrição e análise procura fazer um balanço da literatura especializada sobre o tema, identificando pesquisadores que trataram de maneira ampliada e comparada os casos nacionais e regionais de cada continente. A revisão bibliográfica permite assim um mapeamento de organizações denominadas pelas categorias nativas “torcidas”, “barras”, “ultras” e “hooligans” em diversos quadrantes continentais. Com efeito, ao final do texto, tem-se uma visão de conjunto contemporânea do perfil de tais agremiações, com um enquadramento que salienta aspectos culturais, políticos e sociais capazes de ensejar comparações e sintetizar um esforço acadêmico coletivo de compreensão de associações juvenis que se estabelecem ao redor do clubismo e do profissionalismo futebolístico, mas que via de regra são estigmatizadas e consideradas como as principais responsáveis por atos transgressivos e violentos dentro e fora das arenas esportivas.