Uma análise das políticas públicas na Argentina sob Perón entre 1946 e 1955 mostra tanto um forte incentivo à prática esportiva quanto uma intervenção sustentada para sua massiva difusão. Nesse sentido, analisam-se três filmes documentais informativos: Perón y los deportes (1951), por ocasião dos Primeiros Jogos Pan-americanos, El Deporte con Perón (1954), composto por imagens de cinejornais que narravam sucessos esportivos, e Perón deportista (sem ano), uma peça de difusão da indústria argentina e das competências do Presidente. São três documentários informativos em que se combinam imagens de arquivo com montagens de concursos, com uma retórica do locutor fortemente identificada com o partido político no poder e com música alegre e marchas partidárias. Esse conjunto de curtas-metragens pode ser enquadrado na ideia de que se tratava de propaganda transnacional totalitária não fascista, que incluía produções oficiais e não oficiais, com o objetivo de divulgar a prática esportiva institucionalizada como obra de governo. Definidos como documentários esportivos políticos, a partir de algumas reflexões de Roland Barthes, analisa-se a articulação de técnicas cinematográficas e técnicas corporais como recurso para configurar discursos estéticos e políticos.