Este trabalho discutiu as práticas de racismo no futebol profissional masculino e as relações de poder que as configuram. Para tanto, visando trazer elementos empíricos para fomentar a problematização, foi realizado o levantamento dos casos de racismo nas Copas Libertadores da América e Sul-Americana, realizadas entre 2014 e 2022. Com base no referencial de Norbert Elias, com destaque para a teoria estabelecidos-outsiders, um percurso metodológico composto por três momentos foi adotado para compreender esse fenômeno: 1) inicialmente, foi estudada a forma como ocorreu o contato entre os grupos; 2) depois, foi elucidada a natureza de sua interdependência; 3) por fim, foram esclarecidos os níveisde coesão interna e externa aos grupos. Como esses elementos ocorrem em contextos determinados, foi realizada sua historicização. Assim, a relação entre violência, esporte e a questão racial foi abordada, bem como a estratégia de desumanização do outro como recurso de poder e o papel dos órgãos centrais na erradicação/perpetuação desses atos criminosos –dentro e fora do campo de futebol. Sendo os processos de pacificação fomentados pela aprendizagem de comportamentos, sobretudo por meio da coerção externa (transformada em auto coerção), é fundamental a ampliação da supervisão mútua para combater atos racistas. A coibição de tais práticas perpassa ações educativas e punitivas dos órgãos centrais da sociedade –incluindo as instituições nacionais e internacionais que regulamentam os campeonatos e jogos.
Palavras-chave: futebol, violência, racismo, teoria estabelecidos-outsiders, Norbert Elias.