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Dante (parte 2)

A seção Entrevista, assinalada sempre pela presença de professores, jornalistas e profissionais do universo futebolístico, entre outros, apresenta uma edição especial neste quarto aniversário do site Ludopédio: entrevistamos um camisa 4! Dante Bonfim Costa Santos, o Dante, zagueiro do Bayern de Munique e da Seleção Brasileira.

A entrevista foi realizada por nosso amigo e colaborador Ricardo André Richter, no centro de treinamento do Bayern de Munique.

Boa leitura! 

 

Dante durante a entrevista realizada em Munique. Foto: Ricardo André Richter.

 

 

 

Segunda parte

O técnico Heynckes ganhou tudo com o Bayern de Munique e apesar disso saiu. Qual a importância dele para sua formação e carreira?

O Heynckes foi um treinador que desde que cheguei me ajudou bastante. É um treinador que teve um papel chave na minha carreira, de me colocar para jogar aqui no Bayern. Infelizmente ele teve que sair. Acho que o pessoal decidiu um pouco cedo, de trocar antes da temporada acabar. Esse é o futebol. Mas tenho muito a agradecer o que ele fez por mim.

Nesse primeiro contato com o novo técnico Pep Guardiola já conseguiu perceber a sua filosofia de trabalho. Ela se distingue dos demais técnicos com quem trabalhou?

Sim. Vemos a intensidade com que ele trabalha, a paixão com que ele trabalha, a paixão pelo futebol, vive o futebol 24 horas por dia, é um cara que se dedica bastante, um cara muito inteligente. Temos certeza absoluta que é um treinador que nos trará uma filosofia muito moderna do futebol, uma nova visão. Só temos a crescer, mesmo sabendo que será muito difícil conquistar os três títulos novamente este ano.

Você acompanhou os protestos contra a realização da Copa das Confederações e da Copa do Mundo no Brasil e o apoio da torcida brasileira à seleção ao cantar o hino brasileiro mesmo após de encerrada a execução oficial da FIFA. Como você se posiciona diante desses fatos?

Acho que o Brasil inteiro está lutando por uma mudança, para igualar um pouco as classes sociais. Estamos apoiando também. Nesse momento, unidos nós somos muito mais fortes. O mais importante é que façamos sempre esse tipo de manifestações, mas sempre forma pacífica, não havendo violência. O bom é sempre manifestar nossa indignação contra as diferenças de classe social do nosso povo e saber que nós queremos uma melhoria. Isso é nítido. Nós somos jogadores de futebol, temos outra situação, mas temos parentes que estão na mesma situação do povo. A gente queria também ajudar, estar ao lado deles, para apoiar realmente e fazer com que o Brasil mude. Eu moro na Europa há 10 anos e isso faz uma grande diferença. De todo mundo poder ter as coisas, comprar as coisas que sempre quiseram. Acho que se o Brasil igualar um pouco as classes sociais será uma das grandes potências do mundo.

Dante durante partida pela seleção brasileira. Foto: Mowa Press.

Qual a sua expectativa para a Copa do Mundo de 2014? O Brasil, enquanto país está preparado para organizar um evento deste porte? Quais as vantagens e desvantagens da seleção brasileira disputar uma Copa no Brasil?

Se está preparado ou não é difícil falar. Em termos de transporte, talvez, em relação à Europa, nós temos um pouco de problemas. Aqui temos locomoção muito rápida, com trens de alta velocidade, as rodovias são muito boas, todos os aeroportos funcionam. Isso eu acho que vai pecar um pouco na nossa Copa do Mundo. Só que com a força e a vontade do povo, acho que no final todos vão sair satisfeitos, é o que esperamos. E a vantagem da Seleção Brasileira jogar no Brasil é muito grande, com o apoio do povo brasileiro, nós já vimos na Copa das Confederações. Nós só conseguimos ganhar graças ao povo brasileiro, que nos deu esse impulso, essa motivação a mais, de estar chegando, conquistando, ganhando. Já começando pelo Hino, que era algo muito emocionante, tocava bastante os corações dos jogadores dentro de campo. A gente se sentia realmente honrado, apoiado. Então queríamos dar essa alegria ao povo. O único problema é que jogar no Brasil traz uma grande pressão de ganhar a Copa do Mundo. Vamos nos preparar para ganhar a Copa, sabendo que será muito difícil. Mas vamos nos unir ao povo brasileiro para juntos tentar conquistar essa Copa do Mundo. Seria, primeiro, um fato inédito conquistar a Copa em casa; segundo, dar essa alegria ao povo brasileiro, povo apaixonado por futebol, povo bom, que nos apoia. Seria algo que nos deixaria muito feliz.

Naquele jogo em Salvador, na Copa das Confederações, o que passou na sua cabeça? De estar atuando pela Seleção, fazer um gol, na sua cidade?

Um sonho de criança realizado. De saber que toda a sua família está no estádio, está vendo, apoiando. Sempre almejei um dia chegar à Seleção Brasileira. Estar lá, poder jogar, fazer um gol. O conjunto foi todo emocionante. Depois do jogo você via o pessoal todo emocionado com o que aconteceu. Isso me deixou muito feliz, super honrado. Foi o ápice não só da minha carreira, mas também a chance de dar essa emoção para o povo, para a minha família, que não devem ter sentido uma emoção tão grande dentro do futebol como naquele momento.

Dante e sua vasta cabeleira. Foto: Mowa Press.
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Equipe Ludopédio

Nosso objetivo é criar uma rede de informações, de pesquisadores e de interessados no tema futebol. A ideia de constituir esse espaço surgiu da necessidade e ausência de um centro para reunir informações, textos e pesquisas sobre futebol!

Ricardo André Richter

Doutorando em Educação Física pela Universidade Eberhard-Karls Tubingen. É consultor em Gestão Esportiva e Programas de Qualificação na Europa da ERW Consulting.
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