A memória desempenha um papel fundamental na forma como as pessoas ancoram suas narrativas com o ambiente ao seu redor. No entanto, a memória não se limita a ser um depósito estático de experiências passadas dentro da mente. Pelo contrário, é um processo dinâmico de construção contínua, composto por arquivos e repertórios em constante atualização. A memória é, portanto, um mecanismo psíquico que representa as coisas de forma simbólica, sempre requisitada na construção subjetiva do real. Conhecer os arquivos que as pessoas constroem a partir dos espaços urbanos existentes em suas realidades de vida, possibilita conhecer de que maneira esta cidade existe, simbolicamente, ou seja, como ela é “inventada” na paisagem urbana. Assim, tendo como objetivo conhecer e analisar a paisagem urbana inventada pelos seus moradores, desenvolvemos uma metodologia de escritas de histórias da cidade, intitulada Arquivo Mnemônico do Lugar (Uglione, 2008). No presente texto apresentaremos os resultados da utilização desta metodologia, num estudo de caso na cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente, no estádio de futebol Engenhão. A aplicação dessa abordagem metodológica revelou que as metáforas são poderosas pistas dos significados que as pessoas conferem aos lugares. Certos espaços, independentemente de serem estruturas, construídas ou não, na paisagem urbana, têm a habilidade marcante de evocar lembranças e, dessa forma, se tornam arquivos urbanos significativos da cidade.
Palavras-chave:espaço urbano, memória, narrativas urbanas, cidade, lugares de memória.