Esta dissertação teve como objetivo geral pesquisar a prática do turismo futebolístico em Belo Horizonte-MG, a partir das possibilidades de aproximação entre o novo Mineirão e a Pampulha, diante da lógica oriunda do novo ordenamento do futebol brasileiro. Investigou-se, especificamente, o tratamento que a Pampulha recebe pelo poder público municipal em relação ao aspecto do lazer e do turismo, o perfil socioeconômico dos torcedores visitantes que frequentam o estádio em jogos da temporada regular do futebol brasileiro (competições de clube ao nível regional, nacional e continental), as razões que os motivam a viajarem para assistir a uma partida de futebol, a atratividade turística exercida pelo novo Mineirão e o consumo turístico realizado na região. Esta pesquisa classifica-se como qualitativa e quantitativa, do tipo exploratória e descritiva. Como parte da etapa qualitativa/exploratória, realizou-se pesquisa bibliográfica e documental, já a parte quantitativa/descritiva foi desenvolvida por meio de uma pesquisa de campo. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o formulário. Os formulários foram aplicados aos torcedores em dias de jogos realizados no Mineirão, nas áreas internas e externas do estádio. Para poder participar da pesquisa, o torcedor deveria ter mais de dezoito anos de idade e não possuir moradia fixa na cidade de Belo Horizonte. Ao todo, 335 torcedores participaram da pesquisa. Com a realização da pesquisa exploratória, identificou-se que, na Pampulha, mesmo tendo sido criada na década de 1940 com o objetivo de se tornar o espaço de referência da capital mineira em termos de vivências sociais, especialmente em relação ao turismo, esta atividade começou a se desenvolver, de fato, somente na década de 2000, quando se permitiu o uso não residencial da região, o que possibilitou a instalação de atividades econômicas, como, por exemplo, os serviços turísticos. Com as intervenções realizadas para a Copa Mundo de 2014, a Pampulha consolidou-se como espaço turístico, uma vez que houve ampliação e melhoria dos seus atrativos, equipamentos, infraestrutura e serviços voltados para a atividade turística. Sobre os dados coletados na pesquisa de campo, identificou-se que o perfil socioeconômico do torcedor visitante apresenta características particulares condizentes com este tipo de público, que se define, predominantemente, como casado, adulto e com nível elevado em relação à formação escolar e renda, e, ainda, em consonância com o cenário de mercantilização do futebol brasileiro, grande parte já se tornou sócio-torcedor e a minoria faz parte de torcida organizada. A maioria dos torcedores visitantes viaja com o objetivo principal de assistir a uma partida de futebol no estádio e os valores intrínsecos ao novo Mineirão são fatores que os motivam a querer frequentá-lo. Os torcedores visitantes são, em sua maioria, turistas e hospedam-se prioritariamente em hotel/pousada e, quando o motivo principal da viagem é o futebol, a Pampulha é a região mais demandada. No que se refere ao consumo turístico na Pampulha, a minoria dos torcedores visitantes realizou outros tipos de atividades além da vivência futebolística, no entanto, percebe-se que o passeio na orla da Lagoa da Pampulha, o consumo em bares e restaurantes e a visita à Igreja de São Francisco de Assis e ao zoológico são as atividades mais recorrentes entre os torcedores que agregam a vivência no futebol com a atividade turística. Portanto, tanto pelas intervenções ocorridas na paisagem urbana da Pampulha, que a constituíram como espaço turístico, quanto pelo fluxo turístico proveniente da demanda futebolística, acredita-se que o futebol possa ser pensado, para além da dimensão esportiva, como uma atração turística capaz de fomentar o turismo na localidade.
Palavras-chave: Futebol. Turismo. Estádio. “Novo” Mineirão. Pampulha.