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Tese

Ser “daqui” ou “de fora”

Hierarquias, descontinuidade e trânsitos no futebol não profissional de Florianópolis
Ano

2018

Faculdade/Universidade

Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina

Tema

Tese

Área de concentração

Doutorado em Educação

Páginas

302

Arquivos

Resumo

O presente trabalho trata do futebol amador, modelo praticado em bairros urbanos, comunidades rurais, clubes populares, configurando um esporte em sua radicação local, aparentemente subterrânea, pouco visível, se considerarmos a importância material e simbólica da prática profissional. Tomando como situação exemplar a cidade de Florianópolis, o objetivo foi identificar, descrever e analisar sentidos e significados atribuídos à pratica de futebol não profissional, apontando os principais deslocamentos em relação à versão universalista deste fenômeno esportivo. Tal escopo desdobra-se em questões norteadoras relacionadas às sociabilidades, trânsitos entre amadorismo e profissionalismo, relações de poder e pertencimento comunitário. Para responder o mote central do estudo, a investigação foi realizada por meio de etnografia com observações participantes (registradas em diário de campo por via escrita e imagética); análise documental de arquivos dos clubes e documentos da Liga Florianopolitana de Futebol, como regulamentos de competições, relatórios de atividades, fichas de inscrições dos times das diferentes categorias, atas das reuniões da Liga e relatórios da comissão de arbitragem; e também de questionários e entrevistas semiestruturadas com personagens que compõem o cenário dos clubes (árbitros, atletas, comissão técnica e dirigentes). A análise dos dados, de natureza qualitativa e quantitativa, foi realizada por meio de categorias ou conceitos articuladores que cruzaram os objetivos da pesquisa e as expressões do objeto investigado. A partir de episódios de casos emblemáticos e típicos, construímos narrativas que contemplassem as demais questões presentes no cenário do futebol não profissional de Florianópolis, relatando casos concretos na forma de 4 Episódios, seguidos das categorias: a) Futebol no plural: entre a pelada e o profissional; b) A relação clube comunidade: o alento do resgate, repatriação e reconfiguração; c) “Eles são do bairro, porém não são daqui”: todos iguais, mas uns mais iguais que os outros; d) Trânsitos, projetos e sentidos. Os temas abordados estão interligados e perpassam as diferentes categorias com enfoques diferentes, imbricados em uma teia de relações complexas, demarcadas por rupturas, deslocamentos e similitudes. Tendo como fio condutor a tensão colocada na cidade e presente no discurso nativo – ser “daqui” ou “de fora” – percebe-se que tanto do ponto de vista dos clubes quanto dos atletas, os sentidos e os significados se movem entre a performance e a sociabilidade. Na teia de significações, o futebol não profissional acaba atuando como lugar aglutinador de diferentes projetos e temporalidades. O itinerário de passado, presente e futuro torna o futebol não profissional uma espécie de consequência, uma maneira de se manter no campo do futebol partilhando seus ganhos – materiais e simbólicos. Mesmo com diferenças internas, embora espelhado no modelo profissional, há uma interdependência dos clubes que constituem o futebol não profissional na cidade. Ainda há clubes comunitários que representam espaços de lazer e de sociabilidade para além da prática do futebol (festas, almoços, bingos), entretanto, operam separadamente no cotidiano das associações e que não necessariamente se conciliam, já que o “futebol é uma coisa, a comunidade é outra, bem diferente”. Dentre as considerações finais, ponderando as singularidades do campo, percebe-se que são imagens dissonantes, não se constituindo como fragmentos, mas como imagens que se complementam, ou seja, são vários futebóis que compõem o futebol não profissional de Florianópolis.

Palavras-chave: Futebol não profissional. Futebol amador. Florianópolis.

Resumo (outro idioma)

Esta investigación se ocupa del fútbol amateur según el modelo practicado en los barrios urbanos, comunidades rurales y clubes populares, configurando un modo de practicar el deporte de modo local, aparentemente subterránea, poco visible si tenemos en cuenta la importancia material y simbólica de la práctica profesional. Tomando como situación ejemplar la ciudad de Florianópolis, el objetivo fue identificar, describir y analizar sentidos y significados atribuidos a la práctica del fútbol no profesional, señalando los principales desplazamientos en relación a la versión universalista de este fenómeno deportivo. Este rasgo se despliega en cuestiones que dan norte en relación a las sociabilidades, tránsitos entre lo amateur y lo profesional, relaciones de poder y pertenencia comunitaria. Para ello, la investigación fue realizada por medio de la etnografía con observación participante (registrada en diario de campo por medio escrito y de imágenes); análisis de documentos de archivos de los clubes de la Liga Florianopolitana de Futebol, como reglamento de competencias, relatos de actividades, y documentos de las mismas, registros de inscripciones de los equipos de las diferentes categorías, actas de reuniones de la Liga y relatos de la comisión de arbitraje; y, también, de cuestionarios y entrevistas semiestructuradas con  personajes que componen el escenario de los equipos (árbitros, atletas, comisión técnica, dirigentes, profesores/instructores y espectadores/hinchas). El análisis de los datos, de naturaleza cualitativa y cuantitativa, fue realizado a través de categorías o conceptos articuladores que atravesaron los objetivos de la investigación y los discursos del objeto investigado. A partir de escenas emblemáticas y típicas, construimos narrativas que percibiesen las demás cuestiones contenidas en el escenario del fútbol no profesional de Florianópolis, relatando casos concretos divididos en cuatro episodios, seguidos por las categorías: a) Fútbol no plural: entre lo amateur y lo profesional; b) La relación de los clubes con la comunidad: rescate, repatriación y reconfiguración; c) “Ellos son del barrio, pero no son de aquí”: todos iguales, pero unos más iguales que los otros; d) Tránsitos, proyectos y sentidos. Los temas que hemos abordado están interconectados e impregnan las diferentes categorías con enfoques distintos, desplazamientos y similitudes. Teniendo como hilo conductor la tensión puesta en la ciudad y presente en los discursos nativos –ser “de aquí” o “de afuera”–, se percibió que los sentidos y significaciones de los practicantes se mueven entre la performance deportiva y la sociabilidad, sea desde el punto de vista de los clubes, de los atletas. En la red de significaciones, el fútbol no profesional acaba por actuar como un espacio de aglutinación de distintos proyectos y temporalidades. El itinerario del pasado, presente y futuro hace del fútbol no profesional una especie de consecuencia, un modo de mantenerse en el campo del fútbol compartiendo sus victorias – materiales y simbólicas–, incluso con las diferencias internas, aunque espejados en el modelo profesional, hay una interdependencia de los clubes que constituyen el fútbol no profesional en la ciudad. Todavía hay equipos comunitarios que representan espacios de ocio y de sociabilidad más allá de la práctica del fútbol (fiestas, comidas, juegos de azar), operando a su vez de forma separada en el cotidiano, visto que el “fútbol es una cosa, la comunidad es otra, bastante distinta”. En las consideraciones finales, hemos ponderado sobre las singularidades del campo de investigación, percibiendo que son imágenes disonantes, que no se constituyen como fragmentos, sino como imágenes que se complementan, o sea, son varios tipos de fútbol que componen el fútbol no profesional de Florianópolis.

Palabras clave: Fútbol no profesional. Fútbol amateur. Florianópolis.

Sumário

1. APRESENTAÇÃO, 19

2. FUTEBOL COMO OBJETO DE PESQUISA, 23

3. O FUTEBOL AMADOR, 33
3.1. APONTAMENTOS SOBRE O INÍCIO DO FUTEBOL EM FLORIANÓPOLIS, 43
3.2. RETRATO DO FUTEBOL NÃO PROFISSIONAL EM FLORIANÓPOLIS, 49

4. NOTAS SOBRE O TRABALHO DE CAMPO, 57

5. EPISÓDIO 1, 75
5.1. FUTEBOL NO PLURAL: ENTRE A PELADA E O PROFISSIONAL, 81
5.1.1. Estrutura física e disparidades, 101
5.1.2. Ambivalências: organização, visibilidade e relações entre os agentes, 107
5.1.3. Público e diferentes lugares de manifestações da violência, 115
5.1.4. Interação entre atletas, árbitros e torcida, 123
5.1.5. As expectativas de profissionalização e a mídia, 128

6. EPISÓDIO 2, 135
6.1. A RELAÇÃO CLUBE – COMUNIDADE: O ALENTO DO RESGATE, REPATRIAÇÃO E RECONFIGURAÇÃO, 139
6.1.1. O reconhecimento simbólico e os vínculos, 155
6.1.2. A entrada e permanência no campo, 159
6.1.3. (Des) interesses e comunidade, 162

7. EPISÓDIO 3, 169
7.1. “ELES SÃO DO BAIRRO, PORÉM NÃO SÃO DAQUI”: TODOS IGUAIS, MAS UNS MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS, 173
7.1.1. No circuito, no pedaço e no campo, 183
7.1.2. As hierarquias, 186
7.1.3. Notas sobre o Episódio 3, 196

8. EPISÓDIO 4, 199
8.1. TRÂNSITOS, PROJETOS E SENTIDOS, 205
8.1.1. A composição do time nos jogos e a circulação, 212
8.1.2. Motivações e clube atual, 216
8.1.3. Futebol enquanto devir, 224
8.1.4. Importância do futebol não profissional em Florianópolis, 232

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS, 235

REFERÊNCIAS, 243
APÊNDICE A – Questionários, 265
APÊNDICE B – Entrevistas, 277
APÊNDICE C – Lista de Jogos, 289
APÊNDICE D – Número de atletas por clubes, divisões e anos, 293
APÊNDICE E – Termo de Compromisso Livre e Esclarecido, 297
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética, 301

Referência

INVERNIZZI, Lisandra. Ser “daqui” ou “de fora”: Hierarquias, descontinuidade e trânsitos no futebol não profissional de Florianópolis. 2018. 302 f. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.
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