Esta tese tem como objeto de estudo a construção de estereótipos de “time do povo” e “time da elite” nas narrativas de oito rivalidades clubísticas do futebol brasileiro, contemplando as cinco regiões do país. Pressupõe-se haver por trás dos clássicos estaduais uma pretensa disputa de classes baseada em estereótipos, na qual um dos clubes rivais representa o povo e o outro a elite local. Acredita-se que tais construções, rotineiramente reforçadas pelo jornalismo esportivo e pela cultura torcedora em si, seguem a tônica das “tradições inventadas”, isto é, perpetuam-se como heranças culturais, ainda que não necessariamente correspondam à trajetória contemporânea das agremiações. O objetivo geral da tese é identificar quais aspectos históricos, culturais e sociais embasaram a construção desses estereótipos, propondo reflexões sobre os modos como o jornalismo esportivo retroalimenta essa “disputa de classes”. Para tanto, o percurso metodológico abrange a revisão bibliográfica do histórico de fundação dos clubes que compõem o corpus, bem como a análise discursiva de depoimentos dos jornalistas Juca Kfouri e Marcelo Barreto – colhidos pela pesquisadora por meio da técnica de entrevista em profundidade.
Palavras-chave: Time do povo. Time da elite. Disputa de classes. Construção de estereótipos. Rivalidades clubísticas.