A tese argumenta que, no período da história colombiana conhecido como “A Violência” (1948-1958), as transmissões radiofônicas sobre o futebol e o ciclismo contribuíram para a invenção da pátria colombiana. A análise é estendida até o ano de 1962 por ser o ano da participação da “Selección Colombia” na Copa do Mundo de Futebol, ocorrida no Chile, importante evento para o futebol do país. Na tese, procura-se compreender como foi possível “uma nova nação” num tempo de totalitarismo e violência civil política. Para realizar esta análise, foram examinados dois campos privilegiados: a radiodifusão e o esporte. Este foi o período no qual a Colômbia reunia uma série de grandes futebolistas estrangeiros, fazendo com que seja chamado de El Dorado. Este também é o período do grande sucesso do ciclismo com a Vuelta a Colombia. A narração radiofônica destes eventos produziu uma “comunidade imaginada” (Anderson), amplamente compartilhada. O estilo desta narração radiofônica (hiperbólica, animada, de natureza épica), do desempenho dos futebolistas e ciclistas, gera o que denominei fantasia atlética: a possibilidade de imaginar-se coletivamente em uma dimensão nova. Imagina-se uma nova nação a partir de novos contextos (urbanização, industrialização, sociedade do entretenimento) e de novas linguagens oferecidas pelo rádio como o melodrama e a performance esportiva.
Palavras chave: nação, futebol, ciclismo, rádio, violência, fantasia atlética.