O presente artigo tem por objetivo examinar as articulações estabelecidas entre as estratégias utilizadas pelos clubes de futebol de várzea para manter a posse de seus campos de jogo e o contexto de transformação urbana vivenciado por Belo Horizonte durante as décadas de 1960 e 1970. Ao investigar as mudanças pelas quais a cidade passava a partir da perspectiva dos grupos ligados a essa prática de lazer popular, o texto espera apontar possibilidades de aproximação entre a História Urbana e a História Social, demonstrando maneiras de pensar as modificações do tecido urbano por meio da atuação dos “de baixo”. Compartilha-se a compreensão de que essas coletividades dialogam com processos diversos que implicam a reconfiguração do espaço, tais como normativas legais, políticas públicas e atuação de setores imobiliários. Ao desenvolverem relações muitas vezes de clientela com forças políticas ou econômicas, podiam intervir nas decisões sobre os usos dos terrenos, de forma que sua permanência em certas áreas da capital mineira não pode ser explicada como mero resultado do acaso ou do desejo governamental. Em suas disputas cotidianas, tais agremiações se depararam com questões concernentes ao associativismo comunitário, aos constrangimentos de um estado burocrático-autoritário e às dificuldades impostas por uma metropolização acelerada e sem planejamento. Para a produção do texto foram utilizadas fontes orais, registro de imprensa e documentação oficial do município e da federação de futebol local.
Palavras-chave História Urbana; História Social; Futebol Amador; Associativismo; Belo Horizonte