O objetivo deste estudo é analisar o “racismo à brasileira”, a partir do futebol. O texto foi organizado em quatro capítulos. O primeiro capítulo analisa os sinais contraditórios do debate racial no Brasil, ou seja, se, por um lado, no século XIX, emergiu uma ideologia em que o motivo do atraso sócio-econômico-cultural do Brasil poderia ser atribuído à presença do negro como partícipe do povo brasileiro, por outro lado, foi sob a ideologia da “fábula das três raças” (DaMatta, 1981) que a identidade nacional foi construída. Os demais capítulos tratam das construções históricos-sociais sobre o “racismo à brasileira” e sua manifestação no futebol. A partir dos modelos selecionados pode-se observar que o futebol brasileiro ilustra a especificidade do “racismo à brasileira”. O segundo e terceiro capítulo analisam a face da “inclusão” do “racismo à brasileira”. A literatura histórica e sociológica apresenta a forma como as representações positivas sobre a raça negra foram incorporadas para a construção afirmativa da identidade brasileira. No fio da navalha entre integrar e situar o negro na estrutura hierarquizada da sociedade brasileira (DaMatta, 1981), o efeito perverso do elogio ao afro-brasileiro, no espaço do futebol, seria a delimitação dos seus locais de atuação que, por sua vez, contribuíram para a afirmação e a manutenção de hierarquias sociais. O quarto capítulo observou a face da “exclusão” do “racismo à brasileira”. A partir da rememoração de textos acadêmicos da culpabilização do ex-goleiro Barbosa, na Copa de 50, buscou-se ilustrar a existência do racismo no Brasil. No plano simbólico, Barbosa se tornou um dos emblemas necessários para denunciar a existência do racismo, no país da “democracia racial”. A memória acadêmica tem a função de manter vivo o debate sobre a permanência do racismo na sociedade brasileira.
Palavras-chave: racismo; futebol; identidade nacional.