Esta investigação objetivou compreender o processo de formação futebolística de Arthur Antunes Coimbra – Zico. Na condição de uma pesquisa de cunho qualitativo, orientada pelo método de abordagem de história oral e história do tempo presente e contemporânea, analisamos suas experiências e perspectivas em busca de indícios que nos ajudaram a compor relações estabelecidas determinantes para sua formação. Diferente das configurações atuais, as que garantiram o envolvimento de Zico com os futebóis e suas variações favoreceram uma gama de experiências significativas nos mais diversos espaços. Por muitos anos esse contexto prevaleceu, porém, a cada ano que passa, esses caminhos se alteram e se tornam mais complexos, extenso, exaustivo, dispendioso, concorrido e sistemático. A complexidade do processo nos leva a acreditar que a formação inicial do futebolista está sob fortes influências contextuais – família, pares, experiências, instituições, intervenção profissional, metodologias de ensino e treinamento, sistema competitivo e premiação, entre outros que compõem os ambientes informal e formal. Considerando que o futebol de hoje é diferente do futebol de algumas décadas, e que a importância cultural mantém-se tão forte no Brasil, estamos certos de que os centros de formação, para responderem de maneira positiva às exigências atuais e futuras do futebol, precisarão se reorganizar. Será preciso repensar as metodologias e instrumentos utilizados na identificação e desenvolvimento do futuro futebolista profissional. Pelo atual contexto, acreditamos que as configurações que permeiam o processo de formação nos levam a adotar uma postura, mesmo que cautelosa, em relação à possibilidade de surgimento de futebolistas com a mesma expressão de Zico e de maneira mais frequente. Dessa forma, o processo de formação pode estar comprometido colocando em risco a simbólica posição de destaque que o Brasil ocupa diante do cenário esportivo internacional, enquanto um dos principais formadores de futebolistas.