Esta investigação buscou retratar as práticas de diversão que ocorreram entre 1906 e 1930 na cidade de Cataguases – MG. Para a realização desta tese, utilizou-se como fonte primária o jornal Cataguazes, órgão oficial do poder público local. As bases teóricas da História Cultural alicerçaram os diálogos estabelecidos entre fontes e literatura científica. Através da análise documental dos jornais, foi possível perceber que as práticas de diversão divulgadas faziam parte de um movimento da elite local interessada em colocar a cidade na vanguarda modernista, progressista e civilizada da época. Para tal, as práticas de diversão encontradas nos jornais revelaram as mudanças nos hábitos dos/das cataguasenses e um clamor jornalístico que influenciava o pensamento coletivo de acordo com os interesses educacionais, classe e gênero. O jornal defendia valores normativos que conjecturavam com a norma local a ser estabelecida; dessa forma, a frequência aos circos passou a ser mal vista e o teatro tornou-se a diversão adequada, devido ao caráter educativo e civilizatório. Teatro e cinema dividiam o mesmo espaço e, em momentos alternados, representavam a educação e o progresso cataguasense. Enquanto Humberto Mauro produzia os primeiros filmes nacionais na cidade, os esportes modernos indicavam os caminhos futuros e reificavam as questões de gênero. A prática do basquete pelas mulheres, por um lado, sinalizava o avançar dos tempos com a conquista do direito à prática esportiva, por outro, a permanências da beleza, da delicadeza e de saias longas. Metaforicamente, a capacidade física, a brutalidade e a força ficavam a cargo dos homens, com a prática do futebol nos campos de várzeas e nas ruas da cidade, influenciando na dinâmica citadina espalhando poeira pela urb. Foram criadas associações, das quais originaram clubes de futebol, como o Flamengo e o Operário, espaços que mesclavam diversão e labor, rivalidades expressas pelo esporte. Nenhuma outra diversão parece ter alterado a dinâmica da cidade como o futebol, a frequência do público, a logística dos transportes, a criação de espaços para a prática, o fretamento de trens para as excursões desportivas, os uniformes compostos por shorts (enquanto as mulheres permaneciam com as longas saias), as relações com o corpo, com o idioma e o trânsito cultural, que ocorria de forma sorrateira. O mercado em torno das diversões foi também potencializado pelos esportes e as competições eram frequentemente realizadas; os empresários locais passaram a investir nesse negócio e, ao final da década de 20, fundaram na cidade um clube elitista que ofereceria esportes como basquete, futebol, remo, ginástica, vôlei, natação, tênis, patinação e velejamento. Observou-se que as práticas de diversão divulgadas, na maioria das vezes, estavam relacionadas à elite citadina. A participação dos diversos extratos sociais ficou invisibilizada no jornal, limitações da fonte utilizada para a pesquisa, jornal Cataguazes, fato que instiga novas pesquisas em prol de identificar os silenciamentos em torno de outras práticas de diversão que ocorreram na cidade e não foram noticiadas pelo jornal Cataguazes, desafio que ficará para um próximo investimento.
Palavras-chave: Cataguases. Jornais. Diversões. Esporte. Lazer.