Depois de muita espera, a Copa do Mundo de futebol do Catar finalmente foi realizada em 2022. Desde o último evento do gênero até o atual, a Fifa lucrou US$1 bilhão, seu maior resultado desde sempre.
Além da entidade esportiva, muitos criminosos virtuais conseguiram obter altos ganhos com o certame – mais especificamente aplicando golpes em frequentadores presenciais ou em espectadores remotos entusiasmados.
Uma das modalidades de crime virtual que atingiu espectadores no Catar foi a venda de cartões Hayya falsificados. Esses cartões eram uma documentação pessoal e necessária para a entrada nas partidas da Copa, juntamente com o ingresso.
Com a grande demanda por entradas nos jogos, fraudadores enxergaram a oportunidade de vender falsificações desses documentos. De acordo com a empresa de inteligência artificial aplicada a cibersegurança CloudSEK, canais de Telegram chegavam a cobrar entre 50 e 150 dólares por ele. Adicionalmente, coletavam dados pessoais da vítima, como número de passaporte, expondo dados dos compradores a agentes mal-intencionados e possíveis futuras fraudes.
As novidades de arte digital em NFT também serviram de pretexto para crimes virtuais no contexto da Copa de 2022. Grandes corretoras de criptomoedas como Crypto.com e Binance lançaram artes digitais em formato NFT temáticas do torneio e criminosos resolveram explorar o interesse de interessados para “vender” tais brindes como se fossem caríssimas tiragens limitadas de uma peça.
Mesmo quando passada a Copa do Mundo, cada vez mais oportunidades similares a essas se abrem a golpistas. Ingressos vendidos remotamente, tokens e moedas digitais, como o Fan Token Botafogo, podem servir de pretexto para os mesmos tipos de fraude, que podem ter péssimas consequências para as vítimas. Por isso, é preciso saber reconhecer golpes e prevenir-se contra eles.
Evitando golpes virtuais
Sites e grupos falsos
A venda de ingressos é o ponto de partida para qualquer fã de futebol ver seu time em campo. Na internet, ela pode ser um ponto de vulnerabilidade. Criminosos estruturam sites falsos ou grupos de WhatsApp e Telegram que são convincentes e quase iguais aos canais oficiais de venda para executar ataques de phishing.
O phishing é o ato de enganar alguém com uma mensagem fraudulenta, levando a pessoa a compartilhar informações sensíveis ou baixar um programa malicioso. Uma maneira de baixar tal programa malicioso é ser redirecionado para um destino virtual “contaminado”.
A melhor maneira de se precaver com esse tipo de venda é se informar diretamente nos canais oficiais dos times ou torneios onde comprar ingressos. Além disso, não ceder à tentação de compara entradas a preços mais baratos em grupos de WhatsApp ou Telegram.
Brindes “imperdíveis”
Grandes eventos geralmente contam com a criação de objetos com sua marca. Alguns desses objetos podem ser brindes promocionais, como óculos ou copos, e têm valor financeiro e sentimental para fãs de esportes.
Valendo-se disso, criminosos habilmente enviam mensagens a suas vítimas noticiando que elas “ganharam” determinado brinde. Para retirá-lo, devem enviar alguma quantia para quitar a taxa de entrega ou outro falso requisito – e é aqui que se perde dinheiro.
A versão atualizada desse tipo de fraude é travestir a oportunidade de ganhar o brinde (ou lucro) com novidades tecnológicas, como NFTs, criptomoedas e tokens.
Prêmio de loteria ou bolão
Da mesma maneira que os “brindes” do tópico anterior, falsos prêmios de loteria esportiva também são uma isca infalível para muitos fãs de futebol incautos.
Antes enviadas por cartas, as mensagens informando uma “premiação” relacionada à Copa ou a outro grande evento esportivo hoje são enviadas por e-mail, WhatsApp ou SMS.
Alguns detalhes tornam a mensagem convincente e difícil de identificar como falsa: o nome de quem recebe pode contar na mensagem; logotipos, selos e marcas oficiais podem acompanhar o texto, assim como assinaturas, que transmitem o senso de autoridade e realidade.
O pedido de resposta com urgência e acompanhada de dinheiro também é uma constante nesse tipo de fraude. Além de representar uma perda monetária para a vítima, o golpe pode levá-la a clicar em links que redirecionam para destinos não seguros – ensejando ataques de phishing, por exemplo.
Fontes suspeitas para transmissões de jogos
Nem sempre é possível ter acesso a todos os jogos. Certos torneios não têm transmissão sequer na TV a cabo nacional, por exemplo. Nesses casos, é necessário recorrer a fontes alternativas para transmissões. A internet é o lugar natural para iniciar esse tipo de busca.
Porém, pode não ser fácil encontrar locais virtuais de confiança. Alguns eventos são transmitidos por casas de apostas. Mas nem todos os jogos recebem esse tipo de cobertura e nem todo mundo é cliente de uma plataforma desse tipo.
Em muitos casos, muita gente acaba optando por entrar em links suspeitos de streaming por falta de alternativas razoáveis. Além da possível irregularidade com os direitos de transmissão, esse tipo de comportamento traz consigo riscos à segurança digital.
Nesse contexto, algumas ferramentas podem ajudar a prevenir problemas. O uso de um bloqueador de anúncios é providencial para esconder anúncios, que são comuns nesse tipo de páginas, e muitas vezes conduzem a malwares quando clicados.
No entanto, é bom lembrar que evitar acessar tais links e se expor ativamente a riscos é a atitude mais segura para evitar golpes, seja no mundo virtual ou no dia a dia da vida real.
