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O futebol e a cidade: centenário esportivo no sertão da Paraíba

Rodrigo Wanderley de Sousa-Cruz 18 de julho de 2024

Este texto objetiva favorecer o conhecimento e a compreensão da constituição do futebol em uma das principais cidades do estado da Paraíba, a cidade de Cajazeiras, localizada no alto sertão paraibano, que tem, em sua história, uma rica contribuição à educação, à cultura, à política e ao esporte. Destarte, destaco, nesta obra “100 anos do futebol de Cajazeiras (1923-2023)”, uma cronologia produzida pelo Prof. Reudesman Lopes Ferreira – professor de Educação Física; jornalista e comentarista esportivo; colunista do Diário do Sertão e Coisa de Cajazeiras; membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal). Através de uma detalhada pesquisa de fatos e imagens do futebol cajazeirense disserta, em especial, sobre “os clubes amadores e profissionais; os atletas, árbitros e os homens que foram os dirigentes dentro e fora de campo” (Ferreira, 2023, p.5).

A obra tem 147 páginas, e é dividida em 10 capítulos. Abrange a partir dos anos 20, do século XX, até as primeiras décadas do século vigente. Conforme o prefácio de Eduardo Pereira, “o livro facilita a pesquisa rápida. Sem falar no expressivo acervo fotográfico”. Isso indica que a cidade cajazeirense estava envolvida com atividades futebolísticas a partir da criação de times de futebol, do jornal para a divulgação do esporte, das competições locais, da participação em campeonatos em outras regiões e, recentemente, com a criação do Museu de Futebol de Cajazeiras. Esse cenário do futebol da cidade de Cajazeiras está inserido dentro de desdobramentos nascedouros da gênese do esporte moderno com caráter competitivo no seio da cultura europeia, por volta do século XVIII, e que se expandiu para o mundo, inclusive para o Brasil. Os inúmeros jogos com bola, por exemplo, precisamente oriundos da nobreza inglesa, se iniciam no século acima citado e se intensificam no final do século XIX e início do século XX.

100 anos do futebol de Cajazeiras (1923-2023)
Fonte: Divulgação

Nos anos 20, precisamente em 1923, o autor destaca a criação do primeiro clube de futebol da cidade: surge o Pitaguares Football Club, sob a fundação do jovem Antônio de Andrade Carneiro, o Antônio Quincas. Em 1927, há o registro de uma matéria do jornal “O sport”, com ênfase ao jogo empatado em 0 x 0 entre as equipes do Pitaguares e do América. Nos chama a atenção um trecho da reportagem jornalística, parabenizando aos sportmens (torcedores), pelo comportamento durante o jogo, onde se faziam votos para que continuassem assim, para que a voz esportiva se fizesse ouvir com entusiasmo. Após cem anos, percebemos que as relações do torcedor com o futebol dentro da sociedade mudaram bastante. O aumento de confrontos entre torcidas organizadas, que se agridem dentro e fora dos estádios, ameaça atletas e dirigentes após resultados adversos. Situações estas são corriqueiras em todas as regiões brasileiras, amedrontam as famílias e geram transtornos para a segurança pública e a prática do lazer das pessoas em geral.

Prosseguindo, o destaque para os anos 30 fica em dois momentos. O primeiro, em 1937, o autor registra a equipe do São Tarciso Football Club, formada por discentes do Colégio Diocesano Padre Rolim e ratifica a relevância desta unidade escolar para a massificação e o desenvolvimento do futebol de Cajazeiras. A afinidade de escola religiosa com o futebol foi identificada na pesquisa de Santos (2021). Este autor analisou como o football esteve presente no programa de Educação Física do Colégio Diocesano Pio X[1], localizado na capital da Paraíba, João Pessoa, no período de 1910 a 1954[2].

Destarte, nesse período, o futebol era tratado como um importante instrumento de educação corporal. Ou seja, “isso é representativo da importância da prática que o esporte teve naquele período como modalidade de educação do corpo” (Santos, 2021, p. 3). Em um segundo momento, em 1938, o então governador da Paraíba, Argemiro de Figueiredo, realizou o Campeonato Sertanejo de Futebol. A seleção de Cajazeiras venceu o selecionado da cidade de Patos, pelo placar de 2 a 1, sendo este o primeiro título da cidade de Padre Rolim.

O autor enfatiza, nos anos 40, o ano de 1948. Neste, acontece duas fundações marcantes: sob a presidência do Dr. Higino Pires Ferreira, nasce o Atlético Cajazeirense de Desportos, datado no dia 21 de julho de 1948. Em seguida, é inaugurado o Estádio 8 de maio, posteriormente denominado com o nome de Estádio Popular Higino Pires Ferreira. Este estádio ficou desativado por 47 anos, entre os anos de 1974 e 2021.

Já nos anos 50, em especial, o ano de 1954, nascia o jornal desportivo O Flash, por sugestão do escritor Deusdedith Leitão. O jornal circulou no sertão paraibano, órgão do Atlético Cajazeirense de Desportos, que, “além de trazer as notícias vinculadas ao mundo do futebol e dos esportes em geral, ainda noticiava a vida social de nossa cidade” (Ferreira, 2023, p. 41). Em 1956, acontece a primeira partida de futebol em Cajazeiras, com a presença de um renomado time da Paraíba. O jogo foi entre o Atlético de Cajazeiras e o Treze, de Campina Grande. O jogo terminou empatado em 2 x 2. Em 1959, o Atlético Cajazeirense de Desportos conquista seu primeiro título de Campeão Municipal do Futebol de Cajazeiras.

Nos anos 60, quase uma década depois, em 1963, surge o futebol na zona rural da cidade, constituído no campo do Xique-Xique dos Lima, com destaque para a seleção do time do Baixio Barreiros. Outras agremiações foram surgindo, como, por exemplo: Angicos, Riacho do Meio, Contendas, Prensa e Terra Molhada. Em 1964, o desportista Edson Feitosa funda o Botafogo Futebol Clube. No ano seguinte, o clube se sagra campeão cajazeirense de futebol. Em 1968, é fundado o Duque de Caxias, se tornando um dos clubes amadores mais tradicionais da cidade, e que se mantém em atividade atualmente. Em 1969, a cidade de Cajazeiras realizou um dos maiores eventos futebolísticos da sua história: o Torneio Início do Campeonato Sertanejão, com participação de vários clubes, de várias regiões da Paraíba.

Nos anos 70, precisamente no dia 05 de setembro de 1973, Cajazeiras recebeu, para um jogo festivo, a presença do ícone e inesquecível Manoel Francisco dos Santos, mais conhecido como Garrincha, a “Alegria do povo”, o “Anjo das pernas tortas”, ex-jogador de sucesso no Botafogo de Futebol e Regatas-RJ e da seleção brasileira.  Os dribles de Garrincha eram como uma prática de linguagem oriunda de uma notória contracultura da lógica técnico-tática do futebol à época. Os dribles de Garrincha eram como signos de um espetáculo qualitativo, peculiar e excessivo, pois existia um caráter lúdico, que provocava uma emoção sem disfarce no uso do espaço do jogo, das relações com os adversários e do domínio da bola com a perna direita. Os seus dribles ofereciam uma vinculação à alegria, ao improviso dos floreios e das firulas, porque Garrincha representava uma característica da cultura futebolística brasileira generalizada, a posteriori, em outros jogadores: um estilo brincante, singular e exagerado, dentro do jogo (Sousa-Cruz; Gomes-da-Silva, 2022).

O encanto com Garrincha era tão marcante que a presença dele, mesmo após a carreira como jogador de futebol, era algo comum até em jogos não oficiais, em que ele apenas entrava em campo para acenos e/ou jogos de conotação festiva em cidades do país. Nesse evento de exibição, o Botafogo de Cajazeiras venceu o combinado formado pelo Guarany e o Icasa, ambos de Juazeiro do Norte-CE, pelo placar de 3×1. Segundo Serpa (2015) e Toscano (2016), Garrincha esteve nos gramados paraibanos em outras três oportunidades,

[…] vestindo as camisas do Treze, do Esporte de Patos e a do Botafogo-PB. Com a camisa do famoso Galo da Borborema, Garrincha enfrentou a seleção da Romênia, em jogo realizado no dia 8 de fevereiro de 1968, no estádio Presidente Vargas. Jogo que terminou com a vitória da seleção romena por dois tentos a um. Garrincha também vestiu a camisa do Esporte Clube de Patos, em um dia festivo ocorrido no estádio José Cavalcante, na famosa cidade da Morada do Sol. Finalmente, em 1973, próximo de “pendurar as chuteiras” em definitivo, vestiu a camisa do Botafogo da Paraíba, no estádio Leonardo da Silveira, enfrentando o time do Maguari, do Ceará. O time paraibano venceu o time cearense pelo placar de três a um (Serpa, 2015, p. 54).

Os anos 80 são marcados, em especial, pelo ano de 1982, pois, se inicia o futebol feminino em Cajazeiras, a partir de duas equipes em destaque: o Jardim Oásis e o Alto Belo Horizonte. Sob os olhares e comando de “Dudu”, uma seleção foi formada, atraindo várias pessoas para torcer pelas meninas do alto sertão paraibano, que ultrapassaram as fronteiras do estado, recebendo inúmeros convites para jogar. A imprensa paraibana, a partir das notícias das rádios Alto Piranhas e Difusora Rádio Cajazeiras, assim como a visita dos jornais impressos O Norte, Correio da Paraíba e A União (este último, o único jornal impresso ainda em atividade no estado da Paraíba), estavam na cidade para produzir reportagens e para saber histórias sobre o time feminino. Interessante perceber que o futebol feminino da cidade estava em consonância com um movimento nacional.

A partir de Goellner (2021), identificamos que, ao final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o regime militar vinha dando sinais de desgaste, concomitante os movimentos sociais ganhavam força e as pautas feministas reivindicavam a liberdade do seu corpo e de sua sexualidade. Por conseguinte, o futebol estava nessa agenda nacional, compondo um relevante festival em São Paulo, em 1982. “A inclusão de uma partida entre mulheres representando as seleções de São Paulo e Rio de Janeiro, como preliminar do clássico São Paulo e Corinthians, na programação do festival, que aconteceu em setembro de 1982, foi uma estratégia de pressionar as instituições a regulamentarem a modalidade” (Goellner, 2021, p. 4). 

Já em 1984 ocorre, apesar da inconclusão da obra, o primeiro jogo oficial no Estádio Perpétuo Correia Lima, entre duas equipes de João Pessoa, válido pelo Campeonato Paraibano. Na oportunidade, o Botafogo venceu o Auto Esporte, pelo placar de 4×2. No começo de 1985, o então governador Wilson Leite Braga inaugura, de forma oficial, o “Perpetão”, como carinhosamente é chamado o estádio. Na ocasião, se enfrentaram a seleção de Cajazeiras e a seleção do Quarto Centenário, de João Pessoa. No mesmo ano, a cidade de Cajazeiras recebe a equipe carioca do Vasco da Gama, para um amistoso contra o Atlético Cajazeirense de Desportos. O jogo foi vencido pelo Vasco, com destaque para o saudoso Roberto Dinamite, que assinalou 3 gols. Silvinho e Mauricinho completaram o placar, e Caçote fez o gol de honra para a equipe da casa.

Os anos 90 têm duas singularidades do futebol de Cajazeiras, particularmente sobre o Atlético Cajazeirense de Desportos, que são retratadas pelo autor. Em 1991, inicia a trajetória do clube na categoria profissional. A Federação Paraibana de Futebol, com o objetivo de interiorizar o futebol profissional da Paraíba, criou a Copa Integração. Esta ascenderia os dois primeiros colocados à primeira divisão do Campeonato Paraibano de 1992. Ao se sagrar vice-campeão, o Atlético Cajazeirense de Desportos garantiu a participação na edição do ano seguinte. Em 1994, o Atlético, nas palavras do autor, “conseguiu uma das maiores façanhas até então. Ser campeão de um turno do campeonato paraibano e, mais importante que tudo, em João Pessoa, no Estádio Almeidão, tendo como adversário o Botafogo, da capital paraibana” (Ferreira, 2023, p. 83).

Nos anos 2000, o futebol de Cajazeiras é agraciado com várias participações a nível nacional, sendo o Atlético (apelidado de Trovão Azul), o grande representante da região sertaneja. Em 2001, o clube participou pela primeira vez do Campeonato Brasileiro da série C, junto com o Botafogo de João Pessoa e o Guarabira, time da região do brejo paraibano. O ano de 2002 “ficará sempre marcado na memória de todos os torcedores do Atlético: o ano da conquista do primeiro e único título do clube como Campeão Paraibano da 1ª divisão” (Ferreira, 2023, p. 91).

cajazeiras
Fonte: Wikipedia

Em 2003, o Atlético é campeão do primeiro turno do campeonato paraibano, após vencer o rival – um grande clássico do sertão paraibano – o Sousa Esporte Clube, em um jogo épico, no estádio Marizão, localizado na “cidade sorriso” de Sousa-PB. No mesmo ano, por ser o atual campeão do estado, o “trovão azul” representa o estado da Paraíba na Copa do Brasil, sendo sua primeira participação nesta competição nacional que contempla todos os estados do Brasil. No ano de 2005, precisamente no dia 07 de julho, é fundado o Paraíba Esporte Clube, cujas cores elegidas foram o amarelo, o preto e o vermelho. Em 2007, ocorre a primeira partida televisionada ao vivo pela TV Correio, afiliada à época da Rede Record, entre as equipes do Atlético de Cajazeiras e o Treze, de Campina Grande.

O professor Reudesman, com sua inquietação e veia investigativa, produziu uma obra hercúlea sobre a memória do futebol de Cajazeiras. Em 2015, após uma década de busca, lança, no famoso Cajazeiras Tênis Clube, o livro Histórias do Futebol de Cajazeiras. Uma obra com 686 páginas, com um extenso relato sobre a prática do futebol na urbe do Padre Rolim. Segundo o autor, recebeu boa aceitação da crítica, pois entenderam a obra como valorosa, e que consolida a “preservação da história e da memória, não apenas do futebol, mas sim, da própria cidade de Cajazeiras” (Ferreira, 2023, p.103).

No que concerne à arbitragem, o autor se refere à árbitra Thayslane de Melo, sergipana, a ser a primeira mulher a conduzir um jogo da primeira divisão do futebol paraibano no ano de 2019. Dois anos depois, em 2021, Ruthyanna Camila, se perpetua como a pioneira árbitra paraibana a atuar em um jogo profissional da Paraíba. Sobre os personagens destaques do futebol cajazeirense, o autor traz à tona o craque do século XX de Cajazeiras, Perpétuo Correia Lima; o goleiro Joab Santos Albuquerque, mais conhecido como “Azul”, com passagens pelo Vasco da Gama-RJ e Treze-PB; Renato Morais, o Renato “Cajá”, destaque em vários clubes brasileiros: Botafogo-PB, Ponte Preta-SP e Vitória-BA; e Wilton Moreno, um dos maiores jogadores da história de Cajazeiras, com uma carreira em vários clubes do Nordeste.

Sobre outros personagens, o autor cita o surgimento da escola de árbitros da cidade, com menção a Chico Cartaxo; Tim Assis; Pedro Revoltoso; Horestes Gonçalves; Adalberto Sobreira Moésia. No tocante aos dirigentes, registra os nomes de Sérgio David; Higino Pires Ferreira; Francisco Anastáci; José Gonçalves Moreira; Abdon Cipriano Rocha; Edson Feitosa; Francisco Iramirton Braga; Hildebrando Adriano Lopes. Reudesman ainda cita 84 nomes de outros colaboradores notórios no percurso do futebol de Cajazeiras, seja como dirigente, como membro da imprensa, político ou torcedor.

No quesito torcida, o autor faz uma homenagem a João de Deus Quirino, famoso e precursor, com sua bandeira alvianil para torcer e acompanhar o Atlético, clube que amava. Destarte, “as organizadas, sempre formadas por grupos de amigos, começavam a surgir. Tanto é que, entre outras, surgiram a “Tô feliz”, “Fumaça azul”, “Fiel”, “Farofão” e a fenomenal “Mancha azul” (Ferreira, 2023, p. 134-135). No ano de 2021, nasce a grande torcida “Bohêmias”.

Dentre as atribuições multifacetadas do autor, como professor, escritor, comentarista, treinador, árbitro e acadêmico imortal, com diversas contribuições para o desporto e memória da cidade de Cajazeiras, uma é bastante inovadora e de um ativismo cultural admirável: no dia 21 de agosto de 2018, é fundado o Museu do Futebol de Cajazeiras (MFC). Inicialmente, o museu fora instalado no Casarão dos Sobreiras, com peças do acervo pessoal do autor e de doações de cajazeirenses. Mariana Moreira, atual presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras, enalteceu o museu em artigo publicado no dia 7 de junho de 2024:

É isso mesmo. Cajazeiras tem um museu do futebol. Produto da abnegada teimosia do professor Reudesman Lopes, o museu foi instalado recentemente, com o apoio governamental do Poder Público municipal. E estão lá documentos, acervo fotográfico, flâmulas, camisetas. Histórias e memórias de Zé de Souza, Perpétuo Correia Lima, Caçote, Renato Cajá e tantos outros e outras que, com a bola nos pés ou na cabeça, fizeram e fazem história, constroem memória e traçam linhas, passes e jogos no campeonato da existência (Moreira, Jornal A União, 2024).

Em maio do ano em vigor, o museu passa a se localizar no Espaço Cultural Eliezer Rolim Filho, com abertura para visitação e agendamento. Com mais de 900 peças catalogadas, entre elas, uma camisa da seleção brasileira, autografada por Edson Arantes do Nascimento – o Rei do Futebol: Pelé. O Museu do Futebol Cajazeirense tem uma vertente importante, que vai ao encontro de uma sociedade que busca um dos objetivos de desenvolvimento sustentável, com agenda para 2030: a educação de qualidade. A educação museal para escolares está dentro de tal contexto. Estreitar essa relação entre museu e escola é de sensibilidade e responsabilidade imensuráveis. As crianças e jovens precisam conhecer esses acervos o mais cedo possível, pois, a preservação dos patrimônios materiais e imateriais perpassam, também, por uma educação cultural acessível e permanente.

Minhas considerações, mais sugestivas que finais, é que necessitamos valorizar e difundir um estudo dessa natureza: que envolve aspectos históricos, sociais e culturais da vida de uma urbe como Cajazeiras, tomando o futebol como núcleo de investigação. Manter acesa a chama da memória esportiva de um povo é um ato político e de resistência. Que outros pesquisadores, de outras regiões da Paraíba, possam se inspirar a realizar a fundo, e com esmero, pesquisas sobre o futebol e/ou sobre outros jogos esportivos e/ou tradicionais (Sousa-Cruz et al, 2017). Reudesman, como bom filho de Cajazeiras, nos ensina a perpetuar histórias, memórias e destinos. Resgata o pretérito, preserva o presente e favorece a existência, mesmo diante da incerteza, de um futuro como preservador da vida esportiva de uma cidade.

Referências 

FERREIRA, Reudesman Lopes. 100 anos do futebol de Cajazeiras (1923-2023). Cajazeiras: Real, 2023.

FERREIRA, Reudesman Lopes. História do futebol de Cajazeiras. Cajazeiras: Real, 2015.

GOELLNER, Silvana Vilodre. Mulheres e futebol no Brasil: descontinuidades, resistências e resiliências. Movimento, v.27, p.1-14, 2021.

MOREIRA, Mariana. Jornal A União, João Pessoa, 07 de junho de 2024.

SANTOS, Alexandro dos. Para o cultivo de corpos fortes e saudáveis: o football e a modelação de corpos no colégio diocesano Pio X – João Pessoa – Paraíba (1910-1954). Movimento, v.27, p.1-16, 2021.

SERPA, Francisco di Lorenzo. Causos e lendas do nosso futebol. João Pessoa: Editora A União, 2015.

SOUSA-CRUZ, Rodrigo Wanderley de; GOMES-DA-SILVA, Pierre Normando. Garrincha e o futebol: semiótica das situações de movimento do drible. Lecturas Educación Fisica y Deportes, v.27, n.287, p. 28-46, 2022.

SOUSA-CRUZ, Rodrigo Wanderley de. et al. Jogo tradicional e esportivo: para além de suas relações dicotômicas. In: GOMES-DA-SILVA, Pierre Normando; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Movimento humano: incursões na educação e na cultura. Curitiba: Appris, 2017.

TOSCANO, Eudes Moacir. Tirando de letra: histórias e estórias no esporte e no rádio. João Pessoa: Editora A União, 2016.

 Notas

[1] O Pio X foi campeão da Liga Parahybana de Football (1917).

[2] Santos (2021) compreendeu o recorte temporal entre os anos de 1910 e 1954, período que se notabilizou pela criação e circulação da Revista do Colégio Diocesano Pio X. Editada pelos estudantes e docentes da escola, seu conteúdo se caracterizava por textos e imagens ratificando a importância do football como imprescindível para a educação do corpo e qualidade de vida das pessoas.

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Rodrigo Wanderley de Sousa-Cruz

Nascido em 1984. Pai-Professor-Pesquisador. Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal da Paraíba (2002-2006). Especialização em Educação Física Escolar - CINTEP (2008-2009). Mestrado em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) - Universidade Federal da Paraíba (2012-2014) com mobilidade acadêmica no Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF) - Universidade Federal de Santa Maria (2013). Doutorado em Educação Física pelo Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física (PAPGEF) - Universidade Federal da Paraíba/Universidade de Pernambuco (2019-2023). Líder do Grupo de Trabalho Cidade Brincante (GTCB) e Membro do Grupo de Pesquisas em Pedagogia da Corporeidade (GEPEC-UFPB) vinculado ao Laboratório de Ensino-Pesquisa-Extensão Escola Brincante (LEBE-UFPB). Professor de Educação Física da Rede Pública de Ensino de João Pessoa (Sedec/PMJP).

Como citar

SOUSA-CRUZ, Rodrigo Wanderley de. O futebol e a cidade: centenário esportivo no sertão da Paraíba. Ludopédio, São Paulo, v. 181, n. 19, 2024.
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