.

O que falta para o futebol brasileiro voltar a ser grande?

1 de março de 2021

O futebol brasileiro sempre foi conhecido no mundo por revelar grandes jogadores e se tornou uma referência de como o futebol mundial queria ser, tanto com uma seleção forte, como times nacionais imensamente superiores dentro de campo. Isso realmente aconteceu, até a década de 80. Grandes times brasileiros, como Botafogo e Santos, na década de 60, e Grêmio, Flamengo e São Paulo na década de 80, foram campeões mundiais com folga em relação a seus adversários. A seleção brasileira, apesare da ausência de títulos depois de 1970 e antes de 1994, ano do tetra, era amada por todos os brasileiros. O país literalmente parava em dia de jogo da seleção. Esse sentimento ainda continuou em relação à seleção por mais um tempo, mas depois do 5º título mundial em 2000, o futebol nacional parece ter caído em descrédito. Nem mesmo a Copa do Mundo realizada no país em 2014 foi capaz de reacender esse sentimento que foi definitivamente enterrado pelo humilhante 7 a 1 imposto pela seleção da Alemanha na semifinal do torneio.

O curioso é que, enquanto diminui o interesse das pessoas pelo futebol brasileiro propriamente, o movimento nas casas de apostas esportivas cresce muito, como pode ser comprovado no Bet365 Bônus 2021, onde brasileiros se divertem e tentam a sorte.

Mas, o que falta para o futebol brasileiro voltar a ser grande novamente?

Fatores que influenciaram na mudança do futebol brasileiro

À medida que o mercado europeu começou a se interessar pelas cada vez mais jovens promessas, pagando valores exorbitantes para atletas que ainda estavam na base dos seus clubes aqui no Brasil, empresários do segmento viram ali uma forma de negócio, que poderia favorecer ambos os lados. Isso atrelado às constantes crises econômicas do país e dificuldades financeiras enfrentadas mesmo pelos grandes clubes, o futebol brasileiro foi se tornando um mero produtor de “mão de obra” para o futebol europeu. E, assim, os times foram ficando cada vez mais fracos, sem formar grandes equipes. Também a seleção passou a ser escalada apenas com jogadores que atuavam fora do país e que já haviam perdido a alegria e o prazer de atuar na seleção.

A grande questão é que essa situação caótica que perdura futebol nacional, com raras exceções, faz com que clubes e empresários foquem apenas no retorno financeiro e deixem de investir na formação de jogadores. O futebol brasileiro deixou de lado a prioridade em formar grandes atletas, pensando apenas no poder de negociar com os times de fora.

O resultado disso é o pouco destaque que nossos atletas ganham no mundo. Nossos jogadores não conseguem levar um prêmio de Melhor Jogador do Mundo desde 2006, quando o ex-jogador Kaká, ídolo do São Paulo e Milan-ITA, foi o último brasileiro a levar a taça para casa, superando Lionel Messi e Cristiano Ronaldo no posto de melhor do planeta.

Desde então, quem chegou mais perto foi o atacante Neymar, mas nas oportunidades que participou, acabou sendo derrotado pelo argentino e pelo português.

Seleção brasileira não gera mais animação da torcida

Quando se falava em seleção, o brasileiro grudava a cara na TV ou na frente do rádio e torcia de forma descontrolada a favor do país.

Isso era visto não só durante os jogos da Copa do Mundo, como amistosos ou em outros campeonatos entre seleções.

Entretanto, desde 2002, quando o Brasil levantou pela última vez a taça de campeão do mundo de futebol, o brasileiro vem demonstrando desinteresse pela seleção brasileira, deixando de acompanhar os jogos que não são importantes.

O que falta para o futebol brasileiro voltar a ser grande?
A alegria da torcida brasileira é cada vez menor. Foto: Wikimedia.

E isso tem ligação também com o negócio financeiro em que a seleção se envolveu, onde são convocados apenas aqueles que têm ajuda de empresários envolvidos com a CBF e atletas que atuam em times grandes e destacados no mundo.

Assim, o brasileiro começou a perceber que atuar bem nos clubes dentro do Brasil não era garantia de vaga na seleção e, isso foi causando desinteresse no selecionado nacional e foco maior nos times.

O que falta para o futebol brasileiro voltar a ser grande?

O primeiro passo deveria ser o incentivo à permanência das jovens promessas aqui no Brasil, atuando dentro dos seus times por mais tempo, e quando estiverem prontos para o futebol internacional, aí sim serem negociados.

Isso não só faria bem para a formação do atleta, como o torcedor conseguiria ter acesso a partidas mais bem jogadas com a participação de atletas de alto nível.

Mas a disparidade econômica entre o futebol europeu e o esfarrapado futebol nacional, impede essa realidade. Para experimentarem melhores condições financeiras, os times brasileiros tem que passar necessariamente pela profissionalização. Uma saúde financeira melhor, daria melhores condições dos times manterem seus jogadores por mais tempo, pagando melhores salários.

Outro detalhe que ajudaria na retomada do futebol brasileiro é a estrutura dos clubes, que precisa ser melhorada, para que os atletas se sintam motivados a ficar. É papel dos clubes oferecer aos jogadores a melhor estrutura de treinamento, com centros de formação de jovens atletas, equipes técnicas profissionais, etc.

São esses e outros detalhes que podem ajudar na retomada do futebol brasileiro, não só aos olhos do mundo, como para a própria torcida.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 14 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Como citar

, . O que falta para o futebol brasileiro voltar a ser grande?. Ludopédio, São Paulo, , 2021.
Leia também:
  • 181.23

    “Aqui fora é tiro ou bomba!”: conflitos entre modernização dos estádios, ocupação do território e práticas de sociabilidade a partir da experiência do torcedor visitante no Allianz Parque

    Ana Caroline Lessa
  • 181.22

    De Jesse Owens a Lamine Yamal: el problema no es el origen ni el color, sino la ideología

    David Moscoso Sánchez
  • 181.21

    Como estão as instalações construídas para os Jogos Olímpicos desde 1896?

    Vaughan Cruickshank, Tom Hartley