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Observações iniciais da transmissão do Campeonato Alagoano 2023

Com o início de 2023 e dos campeonatos estaduais, seguimos para o segundo momento do projeto de pesquisa de iniciação científica (Pibic 2022-2023/UFAL) “A importância da transmissão audiovisual do Campeonato Alagoano de futebol masculino (2007-2023): padrões tecnoestéticos e incentivo ao torcer a times locais”.

No caso do plano de trabalho 1, “A importância simbólica da transmissão audiovisual do Campeonato Alagoano de Futebol masculino: análise dos padrões tecnoestético das finais de 2007 a 2023”, o passo atual é estabelecer critérios para fazer a análise do padrão tecno-estético.

Para isso, a tarefa para as rodadas de janeiro do Alagoano era escolher um ou mais jogos e observar questões técnicas e estéticas da transmissão. O que foi observado será registrado aqui a partir do que foi visto em dois jogos da primeira rodada: CSE 1X0 CSA (DAZN) e Murici 0X0 Aliança (FAFTV – YouTube).

Lembrando que, conforme descrito no texto anterior, o padrão tecnoestético é fundamental para definir a barreira estético-produtiva no mercado infocomunicacional, que “se refere aos fatores que diferenciam um produto”.

Campeonato Alagoano

Quem transmite o Alagoano 2023

A edição de 2023 do Campeonato Alagoano tem transmissão em quatro plataformas audiovisuais: um jogo por rodada na TV aberta (Band); partida de CSA ou CRB no streaming (DAZN); outras duas partidas no YouTube (canal FAF TV); e pay-per-view Nosso Futebol na TV fechada (Claro e Sky).

A geração de imagens é centralizada, com representações estéticas, caso de vinhetas e elementos sobre o jogo, seguindo o padrão das cores de Alagoas (vermelho, branco e azul).

CSE x CSA
Fonte: Print do DAZN

CSE X CSA

Inicialmente, CSE X CSA estava previsto para a TV aberta, mas a Band colocou jogo do Campeonato Carioca em rede no mesmo horário. Assim, essa partida foi para o DAZN.

O confronto em Palmeira dos Índios abriu o Campeonato Alagoano 2023, na tarde de 14 de janeiro. ASA X Coruripe ocorreu em paralelo, com transmissão no YouTube.

Quanto às questões técnicas, a transmissão contou com duas câmeras, uma central na arquibancada e outra para close ao lado do campo. Quando havia replay, a logomarca do torneio aparecia e, em seguida, vinha o lance a partir de uma das duas câmeras.

A narração foi de Wellython Martins, com comentários de Wyderlan Araújo e reportagem de Paulo Lira. O trio trabalha com a transmissão do estadual nos últimos anos, vindo do rádio. Neste jogo, Lira só conseguiu participar na reta final, por problemas técnicos.

Com som ambiente, Martins destacou ao longo do jogo a participação espontânea dos torcedores do CSE, clube que venceu a partida por 1 a 0. Dentre outras frases: “É bacana ouvir o torcedor”; “torcedor é bacana, já grita olé”; “olha o torcedor do CSE… É uma festa”; e “Torcedor é uma graça, né?”.

Essa normalmente é uma marca de transmissão de jogos no interior por ser uma surpresa. Estádios menores não recebem tantos jogos ao longo do ano, especialmente com transmissão audiovisual.

Outra marca da narração foi destacar a transmissão do estadual na plataforma, chamando o torcedor para outros jogos: “é o Campeonato Alagoano 1xBet [casa de apostas que patrocina o torneio] pela DAZN”; “Vem muito Campeonato Alagoano!”.

Além disso, havia o convite para seguir a Federação Alagoana de Futebol (FAF) no Instagram, para ficar “por dentro de tudo o que rola no Alagoano 1xBet”.

O intervalo de jogo contou com o modelo tradicional da TV aberta, mas com as propagandas centradas nos programas do DAZN.

Por fim, houve elogios à reforma no Estádio Juca Sampaio e um convite, no final do jogo, para visitar a cidade de Palmeira dos Índios. O narrador destacou que o DAZN levava a transmissão para todo o mundo.

 

Murici x Aliança
Fonte: YouTube FAF TV

 

Murici x Aliança

O outro jogo acompanhado ocorreu no dia seguinte. No Estádio José Gomes da Costa, Murici e Aliança ficaram no empate sem gols na estreia do Alagoano 2023. A transmissão foi realizada no YouTube pelo canal da FAF TV.

Enquanto equipe técnica, a transmissão contou com um narrador e um comentarista, ambos em estúdio, não contendo nenhum repórter ou comentarista em campo. Isso gerou estranheza para a observação, pois não tinha nenhum repórter para entrevistar o jogador no término do jogo, ao se entregar o prêmio de melhor em campo.

Quanto às câmeras, só havia uma, na parte superior central do estádio. Além disso, a transmissão não apresentava replay de lances importantes, tais como: faltas, impedimentos, chances de gols, melhores defesas, entre outros.

No começo do primeiro tempo, ainda no segundo minuto de jogo, o áudio parou e, logo em seguida, devido à conexão da internet local que transmitia o jogo, ficou sem reproduzir a imagem.

Problema semelhante ocorreu meia hora depois, quando a imagem travou mais uma vez, sendo retomada no final do primeiro tempo.  

Além disso, houve outro erro técnico, assim dito pelo narrador, pois o placar sumiu e não apareceu mais durante a partida.

No segundo tempo, a partida continuou normal sem travamento. Considerando que era o primeiro jogo da temporada na plataforma, o primeiro tempo deve ter servido para corrigir os erros.

A transmissão foi com um pouco menos de recursos, algo comum para partidas exibidas pela própria federação, em jogos com menor interesse do público. Modelo que se assemelhou àquelas transmissões feitas na plataforma MyCujoo – local em que outros torneios da FAF já foram exibidos.

Considerações parciais

Como a base estética de inserções na transmissão é igual, a análise nessa perspectiva pouco deve diferir ao longo do torneio. Isso é positivo, pois o plano de trabalho prevê a análise de 10 partidas da competição.

Em relação às plataformas de transmissão, vale a pena escolher jogos que não sejam de uma mesma, como fizemos aqui. Questões técnicas devem se diferenciar de acordo com elas, com algumas prioridades quanto à equipe e quantidade de câmeras.

Além disso, pensamos que deve ser interessante analisar o conteúdo da narração. Por um lado, identificar a diferença de elementos de publicidade de cada uma e como o torneio entra nisso. Por outro, perceber as possíveis diferenças de acordo com a equipe que trabalha.

Há elementos sobre a transmissão em Alagoas que devem ser melhor observados, de maneira a levantar se há marcas locais nisso, com maior ou menor destaque de acordo com a difusão da plataforma.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Anderson Santos

Professor da UFAL. Doutorando em Comunicação na UnB. Autor do livro "Os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol" (Aprris, 2019).

Como citar

SANTOS, Anderson David Gomes dos; SILVA, Matheus Inácio Soares. Observações iniciais da transmissão do Campeonato Alagoano 2023. Ludopédio, São Paulo, v. 164, n. 14, 2023.
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