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Superior Tribunal do Futebol e Congresso de Futebol e Regatas, uma crônica com Túlio Maravilha

Um cara que chegou com aquela pompa de centroavante resolvedor dos problemas, camisa nove falastrão e salvador da pátria cheio de firula e resenha tipo um Túlio Maravilha, a diferença é que o Túlio Maravilha metia mesmo os gols que prometia.

Esse cara chegou com toda a condição possível no time e até a antiga técnica foi derrubada na sorrateira – dizem que futebol tem muita trairagem – para que ele pudesse ter as condições ideais para governar a área e meter seus gols mas ainda não rolou… Morô? (gíria brasileira usada para perguntar se entendeu).

Mas acontece, né? É o futebol.

Uns 30% da torcida pensa que a culpa da censura, ops…! A torcida pensa que a culpa da SECURA de gols do centroavante vem da diretoria (STF e congresso) e quer fechá-la sem entender que sem diretoria o time entra numa ditadura. E o país segue carente da figura carismática daquele centroavante estilo anos 90′ que o Brasil tinha de montão, aqueles que nem preciso dizer seus nomes, aqueles caras que falavam muito, falavam até mais que a boca mas faziam gols. Cumpriam suas promessas.

O Brasil era tão apaixonado por futebol nos anos 90′ que o camisa nove que metia seus gols e alegrava a torcida fazia parte dos sonhos e do imaginário brasileiro como sendo o presidente da República, porque ele trazia alegria ao povo. Eram estilo aqueles salvadores da pátria dos seus times, alguns rompiam essa barreira e caíam nas graças do país inteiro. O próprio Túlio foi eleito vereador… Bom, mas tenho que “falar de esporte”, agora me lembrei do Caio!

Caio Ribeiro critica discurso de Raí sobre Bolsonaro: “Tem que falar de esporte”. Foto: Reprodução/TV Globo.

Então, voltando… Parte da torcida já está desesperada se perguntando nas filas, nas Caixas e em suas casas se a culpa é mesmo da diretoria, todo mundo vê o camisa nove recebendo boas bolas em campo sem colocar na rede e a culpa é sempre da diretoria?… Tá esquisito isso.

“Eu quero ver gol! Eu quero ver gol!”, já dizia a letra da música de O Rappa.

A torcida clama sedenta por gols e alguns até já se perguntam se esse nove gosta mesmo de gols. Mas há camisa nove que não gosta de gols? Será que ele foi comprado por outro time justamente para não fazê-los? Uma loucura, tá tudo estranho. Dizem por aí que durante os treinos ele costuma reclamar com todo mundo, que a bola não chega, que isso, que aquilo. Nunca é ele o responsável pela seca de gols, são sempre os outros. No último treino, o camisa dez do time que joga ali no centrão do campo, um jogador cheio de cartas na manga, enfiou uma bola escandalosa e o deixou na cara do gol. Resultado? Perdeu, meu filho! Isolou a bola.

E teve outro treino secreto onde ele pegou a bola e botou debaixo do braço e decretou o fim do treino. Pois é! Sabe aquelas cenas de futebol de rua quando o menino mimado dono da bola pega a bola e leva embora porque tá perdendo o jogo? Pronto, ele fez igual! E, como sempre, saiu dando mil justificativas. Dizem que agora ele está preocupado com o vídeo que fizeram desse treino secreto. E, por falar em treino, me lembrei de Romário que nem treinar treinava direito e não ficava de “mimimi” se justificando, ia lá e guardava os dele.

Futebol tá estranho demais. Brasil tá estranho demais.

Cansado de tantas justificativas pela seca de gols do messias, o torcedor lembra de uma frase de 1995 quando Túlio Maravilha falou: “O perdedor justifica e o vencedor comemora.” Lembrei também que o Trivela tem um artigo cujo título é: “Túlio Maravilha, o falastrão que fazia, merece respeito pela bola que jogou no Botafogo de 1995”.

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Marcos Marques dos Santos Júnior

Paraibano de Campina Grande-PB. Professor de Educação Física no ensino público de São Bernardo do Campo-SP: na prefeitura atuando do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e no estado lecionando no ensino médio.

Como citar

SANTOS JúNIOR, Marcos Marques dos. Superior Tribunal do Futebol e Congresso de Futebol e Regatas, uma crônica com Túlio Maravilha. Ludopédio, São Paulo, v. 131, n. 44, 2020.
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