A abertura do mercado chinês tornou-se um caminho rentável para os profissionais do futebol.
A economia dos países considerados de primeiro mundo sofre com a escassez de investimentos na segunda década do terceiro milênio. Com raras exceções, o futebol destes países também sofre com a crise econômica mundial. No entanto, um novo mercado tem se tornado uma alternativa recorrente aos profissionais de futebol: o futebol chinês. Potência econômica em evidência do século XXI, a China tem sido uma das apostas dos atletas estrangeiros para dar continuidade á sua carreira profissional.
Por trás de toda movimentação envolvendo o mercado de futebol chinês está a dupla de empresários Joseph Lee e Wang Jianlin. Lee é o grande articulador dos negócios do futebol e circula tranquilamente pelos bastidores, além de possuir fortes conexões com o Brasil, nacionalidade de sua esposa e lugar dos últimos bons acordos do chinês. Jianlin, amigo de Lee, é “apenas” o segundo homem mais rico da China e está entre os 50 mais da revista Forbes. O bilionário injetou em 2011 cerca de € 60 milhões na Liga Chinesa e ano passado comprou 20% das ações do atual campeão espanhol Atlético de Madrid.
Na CSL (China Super League), 74 atletas estrangeiros atuam pelas 16 equipes da liga. Os números chamam atenção: Dario Conca, meia argentino ex-Fluminense (Brasil), tornou-se um dos 10 atletas mais bem pagos do mundo atuando pelo Shanghai SIPG, recebendo mais de € 8 milhões de euros por temporada. O time de Xangai ainda conta com outros oito estrangeiros no elenco e mais três europeus na comissão técnica. Outras equipes de destaque no país são o Beijing Guoan FC, campeã da Liga em 2009 e o Shandong Luneng, tricampeã na Liga em 2006, 2008 e 2010.
No entanto, de 2011 até hoje, é um time da cidade de Cantão, no sul da China, que vem se destacando. O Guangzhou Evergrande tornou-se hegemônico no país ao conquistar o tetracampeonato (2011, 2012, 2013 e 2014) e de quebra se tornar o recordista de títulos desde que a China Super League foi criada em 1994. Chama a atenção o fato da equipe de Guangzhou ter sido fundada em 1954, se profissionalizar apenas em 1993 e ter conquistado seu primeiro título apenas 20 anos depois.
Foto: Juliana Flister – VIPCOMM.Até o início desta temporada de 2015, o Guangzhou Evergrande conta com cinco estrangeiros, sendo que quatro são brasileiros, com destaque para o recém contratado Ricardo Goulart, um dos protagonistas do bicampeonato brasileiro conquistado pelo Cruzeiro. Atualmente, o Brasil é o país que mais exporta jogadores para o futebol chinês, somando praticamente um terço dos estrangeiros no país. Dentre os últimos cinco maiores goleadores da liga, três artilharias vieram de pés brasileiros: os atacantes do Guangzhou Evergrande, Muriqui que em 2011 anotou 16 gols, e Elkeson que brilhou em 2013 e 2014 com 24 e 28 gols respectivamente. Esse último ainda levou o prêmio de melhor jogador da Liga do ano passado.
É inegável que o sucesso do time de Cantão se relaciona ao alto investimento crescente que vem sendo aplicado no futebol do país. O time pertence ao Evergrande Real Estate Group, empresa que atua no setor imobiliário e que já gastou só em taxas de transferências uma quantia que chega a quase € 60 milhões de euros. O montante total é muito maior pois abarca os altos salários dos jogadores estrangeiros, assim como o pagamento de consultorias, comissões e lobbies aos diversos segmentos do esporte. O atacante brasileiro Diego Tardelli, ex-Atlético-MG, recém chegado ao país, recebe cerca de $ 370 mil dólares de salários do Shandong Luneng e exemplifica bem os patamares salariais alcançados pelos atletas imigrantes.